São Vicente: Entre o mofo e paredes descascadas Biblioteca Municipal clama por intervenção (c/áudio)

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São Vicente: Entre o mofo e paredes descascadas Biblioteca Municipal clama por intervenção (c/áudio)
24/02/25 - 01:35 pm

*** Por Letícia Neves, da Agência Inforpress***

Mindelo, 24 Fev (Inforpress) – A Biblioteca Municipal, edifício histórico que já albergou inclusive a residência do primeiro presidente da Comissão Municipal mindelense, conhece hoje uma outra faceta menos auspiciosa, mofo, paredes descascadas e vestígios de infiltração por todo lado.

Esta é a actual realidade da infra-estrutura, constatada pela Inforpress que, juntamente com o edifício, onde se situa a Alliance Française do Mindelo, ocuparam o terreno de uma única casa, a residência do primeiro presidente da Comissão Municipal do Mindelo, conforme informações da página Turismo CV.

Histórias de um património do tempo colonial, também com papel de destaque nos primeiros anos de independência nacional, mas que parece ser agora descurado.

Isto porque, os sinais da deterioração são visíveis desde a entrada, onde as paredes descascadas do hall dão as boas-vindas aos visitantes.

Um cenário a que sequer escapa a área reservada ao público infantil, que também tem de conviver com os sinais de infiltração e desgaste existentes por toda a parte.

Continuando o périplo, a escadaria também ressente desta falta de intervenção no interior, degraus “despidos”, sem o carpete que antes os forrava, e com plásticos colados nas paredes para servir de pala a água das chuvas, que tempos em tempos encharcam o edifício devido ao mau estado do telhado.

De sala em sala, com situações idênticas, também faz parte do conjunto a sala de formação, decorada nos fundos por fileiras de reservatórios colocados de antemão para receber os pingos de chuva, que causam danos às paredes, mas também ao chão de madeira.

Confrontado pela Inforpress com tal situação, o vereador do Património da Câmara Municipal de São Vicente, Rodrigo Martins, admitiu ter consciência da necessidade da intervenção neste património “tão importante” para a cidade do Mindelo.

“A Biblioteca Municipal, na realidade, tem sido alvo de algumas obras, mas não tem sido possível, sim, fazer as obras profundas que nós queremos fazer, relativamente à cobertura, que é uma necessidade quando chove”, sublinhou a mesma fonte.

O autarca considerou ser “urgente” a reabilitação, que há alguns anos está agendada nos diferentes orçamentos municipais, mas sem concretização.

Rodrigo Martins coloca a possibilidade de os trabalhos serem feitos ainda neste ano de 2025, mas, esclareceu, “tudo dependerá da capacidade de arrecadação de receitas, tendo em conta que o orçamento é somente uma previsão”.

Mas, afirmou, mantém-se a preocupação de intervir “mais profundamente” nesta infra-estrutura que já existia num plano de 1858, bem antes da criação do edifício da Câmara Municipal de São Vicente, que foi também mais tarde construída nos arredores da Praça Dom Luís, praça considerada na altura a principal da cidade.

Em 1860, conforme informações da Turismo CV, a actual biblioteca foi adquirida pelo Governo, para abrigar a Administração do Concelho, a Repartição da Fazenda, os Correios, a Capitania dos Portos e a Delegação da Junta de Saúde, em diferentes anos. 

O edifício foi depois comprado pela companhia de carvão instalada em São Vicente que a remodelou para receber os seus escritórios. Na Intervenção, o espaço onde existia a única casa, foi transformada em um quarteirão com diferentes edifícios.

Após a independência tornou-se sede do Partido Africano para a Independência de Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e instalou-se aí, também, os escritórios da Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC-CV).

LN/AA

Inforpress/Fim

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