
Mindelo, 14 Nov (Inforpress) – As informações e dados que foram danificados devido às enxurradas em diversas instituições em São Vicente aquando da tempestade Erin, a 11 de Agosto, podem ser todos recuperados, afiançou a especialista portuguesa Carla Lobo.
A conservadora e restauradora do Arquivo Nacional de Lisboa deu essa certeza à Inforpress no encerramento do "Ateliê de tratamento documental, preservação, conservação e restauro de documentos gráficos", que ministrou de 03 de Novembro até hoje, no Mindelo.
Segundo a mesma fonte, a formação surgiu de um convite do Instituto do Arquivo Nacional de Cabo Verde (IANCV) após as consequências da tempestade Erin, que foi “uma catástrofe para a documentação de diversas instituições na ilha”.
“Consegui perceber que todos esses processos dão para se restaurar, em todos vai dar para preservar a informação, não num curto espaço de tempo, mas dão para ser restaurados”, garantiu Carla Lobo, para quem esta é a melhor notícia.
A restauradora disse que tentou passar o seu conhecimento e os formandos, 19 no total, mostraram uma verdadeira vontade em preservar esses patrimónios.
A partir de agora, os responsáveis das instituições têm informações de como trabalhar nos documentos físicos, por exemplo, fazendo a retirada das costuras, descolagens das folhas e retirada da lama para o restauro das informações.
Questionada sobre os métodos que podem ser utilizados para que os dados não fiquem à mercê de catástrofes naturais, Carla Lobo adiantou que a principal recomendação é que os arquivos não fiquem em caves, onde estão mais susceptíveis, sublinhou.
A especialista explicou que esta e outras recomendações vão ser enviadas às autoridades, através de um relatório que deverá fazer.
Por outro lado, Carla Lobo alertou para que a recuperação comece a ser feita o mais breve possível, para se obter resultados mais favoráveis.
Em representação dos formandos, o presidente do Conselho Superior de Magistratura Judicial, Bernardino Delgado, enalteceu o papel do IANCV, que logo após as chuvas encetou uma articulação estreita para garantir a recuperação e conservação dos arquivos, por exemplo no Palácio da Justiça de São Vicente, onde estavam arquivados numa cave.
“Esta formação vai nos ajudar e muito no processo de recuperação do parque arquivístico que tínhamos na cave”, reforçou o magistrado, que disse ter ajudado também o facto de terem usado como matéria-prima da formação, os próprios processos.
Bernardino Delgado assegurou também que vai ser possível salvar uma “parte significativa” de todos esses dados.
O curso foi promovido pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através do IANCV, em parceria com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I. P. – Cooperação Portuguesa, e contou com a participação de técnicos do instituto e da Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), de Portugal.
LN/ZS
Inforpress/Fim
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