São Nicolau sofre com desenvolvimento desequilibrado e perda populacional - Gualberto do Rosário

Cidade da Praia, 12 Set (Inforpress) – A ilha de São Nicolau é vítima de um desenvolvimento desequilibrado em Cabo Verde, com impactos visíveis na demografia e no futuro económico da região, alertou hoje o antigo primeiro-ministro Gualberto do Rosário.

As declarações foram proferidas no final de um encontro com o Presidente da República, José Maria Neves, no âmbito de um processo de auscultação a personalidades sobre a situação política do país, quando foi instado a comentar a situação actual da sua terra natal, São Nicolau.

Gualberto do Rosário, que foi primeiro-ministro entre Julho de 2000 e Fevereiro de 2001, sublinhou que o desequilíbrio tem custos elevados em determinadas regiões, nomeadamente Santo Antão, Fogo, Brava e São Nicolau, afectando “toda a população”.

“São Nicolau é vítima daquilo que tem sido feito em Cabo Verde, nas últimas décadas, que é o desenvolvimento desequilibrado do país. E o desenvolvimento desequilibrado tem custos. Em determinadas parcelas do território nacional tem custos mais elevados. São os casos dos custos para Santo Antão, Fogo, Brava e para São Nicolau. Mas tem custos para toda a gente”, sublinhou.

Segundo o antigo chefe do Governo, a emigração intensificada nos últimos anos contribui para a redução da população e para o envelhecimento demográfico da ilha.

“Não há renovação demográfica aqui em São Nicolau, é o contrário. A ilha está a pedir população permanentemente”, apontou, citando dados do ensino pré-escolar, que diminuiu de 120 para 90 em apenas dois anos.

Esta realidade, segundo Gualberto do Rosário, ameaça o futuro económico de São Nicolau, que, apesar de ter "imensos recursos", poderá enfrentar dificuldades em promover investimentos devido à escassez de população.

Para reverter o cenário, o antigo primeiro-ministro defendeu a necessidade de políticas estruturantes, destacando a regionalização e a descentralização como respostas profundas e eficazes.

"Só isto já mudaria o cenário actual de Cabo Verde, não é de São Nicolau. É importante que isto se faça", concluiu.

TC/CP

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