Assomada, 25 Mar (Inforpress) - O Presidente da República considerou hoje que a violência constitui uma “nódoa que mancha a imagem de Cabo Verde” e que todos têm de tomar consciência que é preciso ter uma sociedade mais de paz e de mais amizade.
O chefe de Estado fez estas considerações em declarações à imprensa, na localidade de Figueira das Naus, município de Santa Catarina, ao ser interpelado sobre mais um caso de feminicídio ocorrido hoje em Gil Bispos, no mesmo concelho, lamentando este e tantos casos do género ocorridos.
José Maria Neves alertou sobre a necessidade de chamar atenção da sociedade cabo-verdiana para essas questões, justificando que a violência com base no género e a violência sexual contra menores têm sido fenómenos que “prejudicam enormemente a sociedade cabo-verdiana”.
“Não se pode crescer e desenvolver o país se continuarmos a ter esses níveis de violência, particularmente em relação às mulheres, meninas e crianças”, salientou, reforçando que esse nível de violência constitui uma “nódoa que mancha a imagem de Cabo Verde”.
Questionado sobre a necessidade de se ter leis “mais duras” para fazer face a esta problemática, José Maria Neves defendeu que estas questões não se resolvem com a actuação de leis mais duras apenas, mas sim, é preciso também a criação de políticas sociais e fazer um trabalho “muito grande” de educação para cidadania.
Segundo o chefe do Estado é preciso “garantir que as pessoas tenham acesso à educação, a rendimentos, emprego e que sejam apoiadas”, ou seja, reforçou que é necessário trabalhar para reduzir as desigualdades e apoiar mais aqueles segmentos da sociedade que mais precisam.
Para isso, o Presidente da República defendeu maior investimento social com foco na criação de uma cultura de amizade, de paz, e não resolver os problemas apenas nos tribunais com mais repressão e com leis mais duras que, muitas vezes, não resolvem as questões.
“Temos de trabalhar para que haja o empoderamento das famílias e para que haja maternidade e paternidade responsáveis, para que as pessoas tenham acesso a rendimentos para reduzirmos as dificuldades e outras formas de exclusão e de modo a termos uma sociedade mais justa e mais igual e consequentemente mais feliz”, finalizou.
O caso de agressão, conforme fonte policial, ocorreu no passado dia 24 de Março, na localidade de Gil Bispo, e a vítima, Artemisa Gomes Monteiro, de 22 anos, faleceu na madrugada do dia 25, no Hospital Universitário Agostinho Neto, na cidade da Praia.
Segundo a mesma fonte, o caso encontra-se sob investigação e a suspeita do suposto agressor recai sobre o seu companheiro que até então não foi localizado nem pela Polícia Nacional e nem pela Polícia Judiciária.
MC/CP
Inforpress/Fim
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