Santa Cruz, 07 Nov (Inforpress) – O presidente da Associação Ambiental Caretta Caretta anunciou hoje que houve uma diminuição de ninhos de tartarugas em relação à época anterior e sublinhou a urgência de reflectir sobre acções que ameaçam essa espécie.
Em declarações à Inforpress João Mendes avançou que nessa temporada que já se encontra quase na recta final, pois, o último ninho foi registado a 15 de Outubro, não conseguiram atingir os 400 ninhos, nas praias do concelho.
“Este ano, a quantidade de ninhos ficou abaixo do esperado, e já estamos na recta final da temporada”, explicou João Mendes, acrescentando que as praias do concelho, como Areia Grande e Achada Baleia, ainda apresentaram números razoáveis.
Areia Grande foi o local com o maior número de ninhos, com cerca de 170 registados, seguido de Achada Baleia com quase 60, já Mangui e Praia Baixo não superaram os 30 ninhos cada.
O ambientalista destacou que, apesar da diminuição de ninhos, o trabalho de conservação tem avançado, com 114 ninhos transferidos para viveiros, dos quais a maioria já eclodiu, restando actualmente 45.
O processo de eclosão tem sido “positivo”, o que é considerado um sucesso pela associação, mas lamenta o facto de que durante a temporada, foram registadas algumas capturas e apanhas de tartarugas, principalmente nas praias de Achada Baleia, com quatro tartarugas capturadas, e três em Praia Baixo, além de dois resgates realizados.
Embora a associação tenha intensificado as campanhas de sensibilização junto às comunidades, João Mendes lamentou a ausência dos militares no processo de patrulhamento, que, segundo ele, representava uma forma de autoridade adicional.
Contudo, a Caretta Caretta contou com o apoio da Polícia Nacional, que tem colaborado nas acções de protecção e demonstrou prontidão sempre que foi accionada.
O presidente da associação destacou que as capturas de tartarugas são realizadas principalmente por moradores locais e não por visitantes, e que essas acções têm prejudicado a preservação da espécie.
Além disso, Mendes reconheceu que, embora o voluntariado tenha sido forte nos meses de Junho a Agosto, a adesão caiu durante a temporada de chuvas, o que impactou as actividades de monitoramento.
Com a temporada quase no fim, a Caretta Caretta concentra agora os seus esforços em continuar com a sensibilização ambiental, com foco especial nas crianças, desde a educação pré-escolar até o ensino secundário, na esperança de que isso mude o cenário nas próximas temporadas.
Igualmente, a associação já tem programado campanhas de limpeza e outras actividades em parceria com outras organizações voltadas para causas ambientais.
João Mendes apelou à colaboração de toda a sociedade na luta pela preservação do meio ambiente, ressaltando que a preservação das tartarugas não deve ser responsabilidade apenas das associações ambientais, mas de toda a comunidade.
Ele também apontou que as mudanças climáticas têm sido um factor significativo na diminuição do número de ninhos este ano, o que deve ser um tema de reflexão para todos.
A associação defende que sem o envolvimento de todos, será difícil combater as práticas ilegais que afectam as praias e os habitats naturais.
“A protecção da biodiversidade, e em especial das tartarugas marinhas, depende de um esforço colectivo que garanta a sobrevivência das espécies e a recuperação dos ecossistemas degradados”, vincou.
Cabo Verde possui um conjunto de leis e regulamentos voltados para a preservação ambiental e a protecção das espécies ameaçadas, como as tartarugas marinhas. Entre as normas, destaca-se o Decreto-Lei n.º 7/2002, que regula a protecção das zonas costeiras e habitats de espécies em risco, estabelecendo áreas protegidas onde a actividade humana é limitada.
Além disso, a Lei de Protecção das Tartarugas Marinhas, implementada em 2018, criminaliza a captura, apanha e comercialização de tartarugas e os seus ovos, com penalizações severas para os infractores.
MC/ZS
Inforpress/Fim
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