REPORTAGEM/Maio: Isolamento e falta de transporte limitam vida dos moradores de Praia Gonçalo e Santo António

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REPORTAGEM/Maio: Isolamento e falta de transporte limitam vida dos moradores de Praia Gonçalo e Santo António
03/07/25 - 08:27 pm

Por: Ricénio Lima, da Agência Inforpress

Porto Inglês, 03 Jul (Inforpress) – O isolamento, a escassez de transportes e os problemas recorrentes de rede móvel continuam a ser os principais desafios vividos pelos habitantes das localidades de Praia Gonçalo e Santo António, na ilha do Maio, apurou hoje a Inforpress.

Apesar de ambas as zonas serem de fácil acesso, o problema está longe de ser o acesso físico, mas a ausência de meios regulares de transporte que impede a mobilidade quotidiana dos moradores, condicionando até mesmo as situações de emergência.

Em tempos de balanço pelos 50 anos da independência de Cabo Verde, os residentes destas comunidades sentem-se esquecidos, à margem do desenvolvimento e com poucas ligações ao centro urbano da ilha.

Localizadas a cerca de 18 quilómetros da cidade do Porto Inglês, Santo António conta com, aproximadamente, 20 habitantes, enquanto Praia Gonçalo acolhe perto de 60 pessoas.

Tomás Carmelita, morador de Santo António, descreve uma rotina marcada pela dificuldade de deslocação. 

“Vivemos de certa forma isolados. Se eu quiser ir ao centro neste momento, não há como encontrar um transporte disponível. Temos de programar com antecedência e, em caso de emergência, ficamos mesmo condicionados”, lamentou.

Para este morador, a criação de um serviço público de autocarro seria uma resposta concreta às dificuldades de mobilidade não só da sua localidade, mas de outras zonas que, segundo afirma, também “ficam presas em si”.

“Um autocarro público seria a solução ideal. Iria ajudar não só a zona Norte, como todas as outras localidades que enfrentam os mesmos problemas de transporte”, defendeu. 

Em Praia Gonçalo, a falta de transportes soma-se à fraca rede móvel e de internet, limitando ainda mais a vida da população local. 

Felicidade Fernandes explica que, para conseguir sinal, é preciso procurar pontos mais elevados da zona.

“Dentro de casa não há rede. Para telefonar a um condutor, por exemplo, temos de sair e procurar sinal. Dificulta muito e é preciso melhorar este problema”, reivindicou. 

Ambas as comunidades vivem, sobretudo, da pesca e da criação de gado, actividades tradicionais que sustentam o quotidiano, mas que enfrentam o desgaste provocado pelo envelhecimento da população e pela emigração contínua dos mais jovens.

Num arquipélago que se orgulha dos seus avanços nos últimos 50 anos, Praia Gonçalo e Santo António lembram que o progresso ainda não chegou por igual a todas as partes.

São pedaços da ilha do Maio que continuam a pedir voz, presença e soluções.

RL/HF

Inforpress/Fim

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