Cidade da Praia, 16 Mai (Inforpress) – A nova taxa de juro de referência, anunciada pelo Banco de Cabo Verde (BCV), no último Relatório da Política Monetária (RPM), com aumento de 0,25 pontos base, entra hoje em vigor.
De acordo com o BCV essa decisão visa, sobretudo, diminuir o diferencial em relação à taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE) e acautelar os factores de risco para a evolução das reservas cambiais de Cabo Verde.
Segundo o banco central cabo-verdiano as disponibilidades líquidas dos bancos comerciais em moeda estrangeira têm vindo a registar um crescimento expressivo desde o início de 2023, potencialmente em resultado, sobretudo, do alargamento do spread (diferencial) entre as taxas de juro do BCE e do BCV.
Esta evolução, conforme a mesma fonte coloca em risco a sustentabilidade do regime cambial de peg fixo em vigor, na medida em que a maior atractividade dos investimentos no exterior poderá resultar na saída de capitais para o exterior e a consequente redução das reservas cambiais oficiais, condicionando, assim, a credibilidade do regime cambial.
Neste sentido, considerou oportuno proceder ao ajustamento das medidas de política monetária em vigor, procurando acautelar os factores de risco para a evolução das reservas cambiais do país.
“Assim, tendo em conta a evolução dos indicadores macroeconómicos de referência, a expectativa quanto à actuação da autoridade monetária europeia nos próximos meses, e considerando a necessidade de reduzir o diferencial (ou spread) entre as taxas de juro de referência internas e aquelas praticadas nos mercados internacionais, em particular na área do Euro, e conter os riscos associados à saída de capitais do país o banco central decidiu, ponderadamente, fazer tais alterações”, refere o relatório.
A questão da garantia da sustentabilidade do regime cambial de peg fixo da moeda nacional ao Euro, sem descurar os desafios associados à estabilidade financeira são outros motivos que levaram o Banco Central a considerar relevante continuar a sinalizar “o pendor mais restritivo” da política monetária, já iniciado em Maio de 2023, através da subida das suas taxas de juro de referência.
Assim sendo, a taxa de juro directora (TRM) passa a partir desta quinta-feira, 16 de 1,25 para 1,50 por cento (%), com um aumento 0,25 pontos base, as taxas de juros das facilidades permanentes de cedência de liquidez de 1,50 para 1,75% e de 0,70 para 0.95%.
O relatório aponta ainda para o aumento da taxa de juro de redesconto também em 25 pontos base, passando de 2,50% para 2,75%, destinando-se a operações de carácter excepcional, para fazer face às necessidades de liquidez por parte da banca.
Esses aumentos poderão ter impactos nos créditos dos clientes dos bancos comerciais com taxa variável.
De acordo com as previsões do RPM, divulgado na semana passada, o crescimento do PIB real deverá manter-se estável em cinco por cento em 2024 e a taxa de inflação deverá cair para 1,2%.
MJB/HF
Inforpress/fim
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