Cidade da Praia, 16 Jul (Inforpress) - O escritor Jorge Tolentino lança na quinta-feira, 17, na cidade da Praia, o “Arquipélago das Amnésias”, reunindo reflexões diversas sobre a sociedade cabo-verdiana, num contributo crítico e afectivo para o debate nacional, no âmbito do cinquentenário da independência.
Em entrevista à Inforpress, o escritor, também diplomata de carreira e antigo ministro da Cultura e chefe da Casa Civil da Presidência da República, destacou que o livro é composto por textos diversos que foram sendo organizados ao longo dos anos e reflectem não apenas o seu percurso pessoal e profissional, mas também visa incentivar a reflexão e o pensamento crítico em torno de questões de interesse colectivo, como a segurança nacional e a diplomacia cabo-verdiana.
A escolha do título “Arquipélago das Amnésias” não foi aleatória.
Jorge Tolentino argumentou que, em Cabo Verde, ainda persiste a tendência de desvalorizar o que foi feito anteriormente, o que, no seu entender, compromete a continuidade das políticas públicas.
“Quando se destrói tudo para começar do zero, estamos a prejudicar o país”, afirmou, defendendo uma abordagem mais respeitosa e construtiva da memória institucional.
Sobre o público-alvo, o autor destacou a abrangência da obra, que pode interessar a diplomatas, estudantes de relações internacionais, investigadores e ao público em geral, dada a diversidade temática dos textos.
“Acredito que cada leitor poderá encontrar pontos de interesse”, referiu.
Tolentino reconheceu que o seu percurso como governante, nomeadamente nos Negócios Estrangeiros e na Defesa, influenciou a forma crítica e autocrítica como aborda os temas tratados.
“Este livro é também um exercício de análise daquilo que fiz e do que ainda precisa ser feito”, indicou.
O processo de edição, segundo revelou, contou com o apoio atento da editora Rosa de Porcelana e durou pouco mais de três meses. O maior desafio foi selecionar os textos, tendo ficado alguns de fora por questões de espaço e coerência editorial.
Interrogado sobre o momento actual do país e o seu posicionamento no contexto internacional, Tolentino classificou o panorama como “complexo e exigente”, sobretudo para países pequenos como Cabo Verde, apelando a uma cultura de diálogo entre todos os sectores da sociedade como única forma de projectar a soberania nacional.
Sobre o futuro, afirmou que esta obra fecha um ciclo de reflexão, dando lugar a novos caminhos, desta vez voltados para a escrita criativa.
“Arquipélago das Amnésias” junta-se a uma meia dúzia de títulos publicados por Jorge Tolentino, que se afirmou ao longo dos anos como um autor prolífico em livros, artigos, entrevistas e intervenções públicas.
O painel de apresentação no lançamento será composto por Carlos Reis e Domingos Mascarenhas.
KF/LC/JMV
Inforpress/Fim
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