Cidade da Praia, 27 Fev (Inforpress) - Uma pesquisa recente realizada pelo Afrobarometer revelou que mais de metade dos cabo-verdianos (56%) acredita que o Crioulo deve ser formalizado como língua oficial, juntamente com o Português, embora esta opinião tenha diminuído em comparação com 2022.
Segundo os resultados da pesquisa, realizada em 2024, 56% dos cabo-verdianos consideraram que é o momento de adoptar o Crioulo como língua oficial, o que representa uma redução de 8 pontos percentuais em relação a 2022, quando a proporção era de 64%.
No entanto, a ideia de manter o Crioulo como uma língua amplamente falada, mas sem oficialização, ganhou terreno, subindo de 32% para 41% neste mesmo período.
O estudo também revelou que a opinião sobre a oficialização do Crioulo varia conforme o género, a localização geográfica, o nível de escolaridade e as condições económicas.
Homens, residentes de zonas rurais e pessoas com menor nível de pobreza são os que mais defendem a oficialização do Crioulo.
A maior adesão à proposta é observada entre indivíduos com escolaridade secundária (60%) e na faixa etária de 36 a 45 anos (60%).
A pesquisa também questionou a população sobre a utilização do Crioulo e do Português nas escolas primárias, com 69% dos entrevistados concordando com a ideia.
Contudo, este apoio diminuiu em 9 pontos percentuais em relação a 2022, quando a concordância era de 78%.
Apesar do apoio crescente à oficialização do Crioulo, 27% dos cabo-verdianos acreditam que os governos actuais e anteriores não criaram as condições necessárias para tal, enquanto 61% consideram que algumas ou muitas condições foram estabelecidas.
Este debate ocorre em um contexto político e constitucional importante. Cabo Verde celebra, este ano, os 50 anos da sua independência e, no Dia Internacional da Língua Materna, celebrado a 21 de Fevereiro, a questão da oficialização do Crioulo foi novamente destacada.
O Presidente da República e o Presidente da Assembleia Nacional têm se posicionado publicamente a favor de um debate mais aprofundado e respeitoso sobre o tema.
A Constituição da República de Cabo Verde, de 1992, define o Português como língua oficial, mas também estabelece a promoção das condições para a oficialização da língua crioula, em paridade com o português.
A pesquisa concluiu que o debate sobre a oficialização do Crioulo continua a ser uma questão divisiva entre os cabo-verdianos, com opiniões diversas sobre a melhor forma de avançar nesse processo.
A pesquisa destacou ainda a necessidade de um diálogo mais profundo sobre a identidade linguística e a coexistência das línguas em Cabo Verde.
O Afrobarometer é uma rede de pesquisa pan-africana não partidária que fornece dados confiáveis sobre democracia, governança e qualidade de vida.
A pesquisa recente foi realizada pela Afrosondagem, com uma amostra representativa de 1.200 adultos cabo-verdianos entrevistados entre Agosto e Setembro de 2024. A margem de erro da pesquisa é de +/- 3 pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.
TC/ZS
Inforpress/Fim
Partilhar