Cidade da Praia, 29 Mai (Inforpress) – A psicóloga Amariles Rodrigues disse hoje, na cidade da Praia, que a falta de diálogo e o tabu que ainda envolve a menstruação podem afectar negativamente a saúde mental e a auto-estima das adolescentes.
O alerta foi lançado em declarações à Inforpress, à margem de uma actividade educativa sobre a dignidade menstrual realizada no Liceu Domingos Ramos, em parceria com a Câmara Municipal da Praia através da Direcção de Promoção da Saúde (DPS), no âmbito do dia internacional da Dignidade Menstrual, assinalada a 28 de Maio.
A também coordenadora do gabinete de orientação escolar e profissional da instituição considerou que a menstruação ainda é vista com “estranheza” por muitos jovens, o que pode gerar “medo, nojo e sentimento de impureza”.
“As menstruações afectam a saúde mental das adolescentes pelo não entendimento, não compreensão e a complexidade disso tudo podem trazer algum tipo de impacto”, afirmou, sublinhando que a falta de informação pode tornar o processo mais difícil.
Segundo disse, é essencial que tanto as escolas como a família abordem o tema de forma aberta e esclarecedora.
“É preciso informar as meninas de que realmente isso é normal, que elas têm de lidar com isso de forma normal e têm de ter a noção de que faz parte do seu quotidiano”, reforçou.
Explicou ainda, que o acesso aos produtos de higiene menstrual, continua a ser um desafio o que também contribui para a baixa auto-estima.
Por sua vez, a enfermeira da Câmara Municipal da Praia, Eunice Baessa, destacou que a efeméride é uma oportunidade para trabalhar, com crianças e adolescentes, temas como a higienização e os cuidados durante o ciclo menstrual.
“Meninas dessa faixa etária [do 4.º ao 6.º ano] às vezes já estão na fase de transformação e precisam saber sobre higienização, transformação de seus corpos e falta de informações”, afirmou.
Frisou ainda, que é essencial ensinar as adolescentes a importância de terem sempre consigo um pequeno “kit” com itens de higiene e estarem preparadas para lidar com o início da menstruação.
“Tem de ter um “kit” nas suas bolsas, que sempre tem de ter um preparativo, porque há casos de mudança e cuidados durante aqueles cinco dias, com produtos adequados, lavagem e mudança regular de penso, para evitar infecções”, explicou.
Reconheceu também que há adolescentes com dificuldades no acesso a produtos de higiene íntima, mas sublinhou que esse é um trabalho conjunto da escola e da família.
Ambas defendem uma maior sensibilização nas escolas, com envolvimento de professores, técnicos e famílias, para desconstruir os tabus em torno da menstruação e garantir que nenhuma aluna falte às aulas ou se sinta excluída por falta de produtos de higiene ou de informação adequada.
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Inforpress/Fim
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