
Cidade da Praia, 28 Nov (Inforpress) - Artistas e a coordenação da Fundação Religiosos para a Saúde (FRS) defenderam hoje que a arte é um veículo fundamental para incentivar a denúncia e estimular a mudança de mentalidades na luta contra a Violência Baseada no Género.
Em conferência de imprensa na cidade da Praia para apresentar a terceira edição do Festival Zero VBG, que se realiza este sábado, dia 29, no Largo da Kebra Kanela, a coordenadora da FRS em Cabo Verde, Victoria Seoane, explicou que o evento é encarado como uma “grande acção de sensibilização”.
O principal objectivo passa por ampliar a compreensão pública sobre o que constitui a Violência Baseada no Género (VBG), a forma de denúncia e o combate ao fenómeno.
Segundo Victoria Seoane, apesar de as estatísticas apontarem para um aumento de 6,4 por cento (%) nos casos em 2023 e 2024, comparativamente a 2019, iniciativas como o festival podem impulsionar o aumento das denúncias, um factor que considera crucial para a protecção das vítimas.
O envolvimento de artistas, defendeu, é essencial, pois o palco funciona como espaço de mensagem e transformação social.
A FRS destacou que o cartaz desta edição é maioritariamente masculino, uma decisão “bem pensada” e alinhada com a estratégia de trabalhar as novas masculinidades.
“Queremos que os homens que estarão no palco transmitam uma mensagem forte de mudança de mentalidade na parte masculina”, sublinhou, acrescentando que a escolha dos artistas priorizou aqueles que abraçam a causa.
A cantora Fattu Djakité referiu que pretende levar ao público a sua “verdade e força”, numa tentativa de sensibilizar sobre a forma como a sociedade lida com as questões de género no quotidiano.
Ideia também partilhada pelo músico Jonatthon Almeida, que considerou o festival uma oportunidade de transmitir mensagens através das palavras e das músicas.
“Artistas têm grande influência na sociedade (…) nós que viemos do subúrbio, vemos constantemente brigas entre casais. Estou muito satisfeito em fazer parte deste projecto”, declarou.
O artista Flávio Lúcio, que já abordou o feminicídio em trabalho artístico, lamentou a persistência do crime, mas reconhece avanços.
“Cerca de um mês para ano termina, 2025 não tivemos nenhum caso de feminicídio ainda”, pontuou, asseverando que acredita na causa.
No entender do músico Dieg, a discussão aberta sobre VBG tem contribuído para um aumento das denúncias.
“A mulher está a ganhar mais espaço para falar e expor momentos difíceis vividos em casa. Estamos num momento de virada”, avaliou, garantindo que como pai de dois rapazes, mantém o compromisso de educar para a igualdade.
O Festival Zero VBG, que decorrerá das 18:00 à 01:00 e será zero álcool, insere-se na campanha homónima que se desenvolve nas ilhas de Santiago, Fogo, Sal, Boa Vista e Santo Antão e tem como embaixador o artista Trakinuz e “estrela solidária”, o Dj Streladuh.
LT/CP
Inforpress/Fim
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