Cidade da Praia, 31 Out (Inforpress) – O Presidente da República, José Maria Neves, lamentou hoje a morte do escritor e poeta Osvaldo Osório, falecido na noite de quarta-feira, na sua residência na Cidade da Praia.
“Foi com profunda tristeza e consternação que recebi a notícia do falecimento do poeta Osvaldo Osório, combatente incansável pela liberdade e pelo enriquecimento cultural do nosso país, símbolo maior das letras cabo-verdianas”, lê-se na nota da Presidência da República.
O Chefe de Estado recorda Osvaldo Osório como um poeta, pensador, verdadeiro guardião da identidade cabo-verdiana e um artesão das palavras e das emoções que ao longo da sua vida presenteou os seus leitores com uma obra versátil, que transcende o tempo, que sensibiliza e eleva Cabo Verde.
“Presto-lhe, assim, uma sentida homenagem e exprimo a minha mais profunda gratidão e respeito pelo inestimável contributo à literatura e ao desenvolvimento cultural do país”, acrescenta a mesma fonte.
José Maria Neves disse ainda esperar que a sua trajectória possa inspirar gerações uma vez que, mesmo após perder a visão nunca perdeu a inspiração.
O Presidente da República aproveitou ainda para expressar as mais sentidas condolências e pesar à família enlutada e a todos os que tiveram o privilégio de partilhar a vida e a obra do mestre Oswaldo Osório falecido na noite de quarta-feira, vítima de doença prolongada.
“Que descanse em paz o poeta das nossas ilhas, certo de que a sua poesia continuará a iluminar os caminhos de Cabo Verde e de todos os que acreditam na beleza e no poder transformador das palavras”, escreve a mesma fonte.
Nascido a 25 de Novembro de 1937 na ilha de São Vicente, Osvaldo Osório, como era conhecido no meio literário, foi poeta, romancista e ensaísta, fundou o Caderno de Cultura do jornal Notícias de Cabo Verde (Seló).
O escritor, que estudou no Seminário Nazareno, e exerceu funções na rádio, foi empregado de comércio, presidente da União dos Sindicatos e director do Suplemento de Poesia dos anos 80, no jornal Voz di Povo, onde também desempenhou o papel de editor.
Osvaldo Osório enquanto escritor seguiu as pisadas da Claridade, da Certeza e do Suplemento Cultural, com denúncias em prosas e romances, e em consequência das suas actividades políticas, estreitamente ligadas às acções culturais durante o regime de Salazar, foi preso por duas vezes.
Da sua produção literária, escreveu os poemas de luta “Caboverdeanamente Construção Meu Amor” (1975), “Cântico do Habitante, Precedido de Duas Gestas” (1977), “Clar(a)idade Assombrada” e “Os loucos poemas de amor e outras estações inacabadas”.
Foi ainda protagonista das “Cantigas de Trabalho, Tradições Orais de Cabo Verde”, “Emergência da Poesia em Amílcar Cabral (ensaio) e Nimores e Clara & Amores de Rua”.
A sua obra encontra-se também em várias antologias de literatura africana.
AV/ZS
Inforpress/Fim
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