São Filipe, 03 Set (Inforpress) – A Comissão Política Regional (CPR) do PAICV-Fogo denunciou hoje que a ilha se encontra num estado de “isolamento quase total”, devido à “situação insustentável” nos transportes aéreos e marítimos.
Em conferência de imprensa, a porta-voz da CPR, Henriqueta Cardoso, criticou a “degradação contínua” dos serviços, que tem causado prejuízos financeiros e profissionais a passageiros, especialmente emigrantes.
Segundo o PAICV, viajar de e para o Fogo tornou-se uma autêntica aventura, marcada pela irregularidade, imprevisibilidade e sucessivos cancelamentos de voos e ligações marítimas.
“Nunca se sabe quando e se vai viajar na data prevista. O cancelamento de voos tornou-se parte do quotidiano”, lamentou.
Para a estrutura política do PAICV no Fogo, o cancelamento é apenas mais uma prova do que descreveu como “desnorte e incapacidade” para gerir uma área considerada vital para o desenvolvimento nacional.
O principal partido da oposição salienta que, apesar das dificuldades históricas no sector dos transportes, nunca se chegou a um ponto tão crítico como o actual.
Atribui a crise a uma “incapacidade” do Governo em gerir o sector, alegando que, após quase dez anos de governação, o executivo não dispõe de uma política clara e estruturada para os transportes e que as medidas adotadas são vistas como “paliativas e avulsas”, incapazes de responder às necessidades de um país arquipelágico.
As críticas estendem-se aos transportes marítimos, com destaque para a ligação Fogo–Santiago, considerada “insuficiente e deficiente”.
O partido aponta que, apesar de o contrato de concessão à CV Interilhas prever seis ligações semanais, na prática, apenas três têm sido realizadas, quando não são canceladas. Esta situação, referiu Henriqueta Cardoso, está a afectar a economia local, com a escassez de produtos essenciais e o aumento de preços.
A CPR do PAICV considera que num país arquipelágico como Cabo Verde, a mobilidade interna e a ligação entre ilhas devem ser uma prioridade estratégica, exigindo do Estado um papel activo na garantia de um serviço regular, previsível e acessível a todos os cabo-verdianos.
A porta-voz concluiu que a ilha do Fogo se sente “esquecida, enganada e abandonada” pelo Governo, exigindo “soluções urgentes e duradouras para fazer face a esta situação caótica”.
JR/CP
Inforpress/Fim
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