Lisboa, 31 Out (Inforpress) – O ensaísta José Luiz Hopffer Almada recordou Oswaldo Osório, que morreu esta quinta, aos 86 anos, como autor de uma poesia “formalmente sofisticada e altamente burilada”.
“Oswaldo Osório é, sem sombra de dúvida, um dos maiores poetas caboverdianos de todos os tempos, autor de uma poesia formalmente sofisticada e altamente burilada, mesmo quando de teor cantalutista”, escreveu Hopffer Almada na sua página pessoal Facebook.
Para José Luiz Hopffer Almada, Osório foi, na prosa literária, autor de um romance há muito aguardado, de contos curtos de paixão amorosa e da novela Nimoes e Clara, muito inovadora do ponto de vista temático e do imaginário.
“Por isso tudo, Owaldo Osório era, na minha opinião, um legítimo e justo postulante ao Prémio Camões, quiçá o mais merecedor depois de o maior galardão literário para escritores de língua portuguesa ter sido tardiamente atribuído a Arménio Vieira e, dez anos depois, a Germano Almeida”, adiantou o ensaísta.
Doravante, prosseguiu José Luís Hopffer Almada, Oswaldo Osório passa a integrar o elenco dos escritores caboverdianos que tendo merecido o Prémio Camões, todavia não o puderam receber, tal como Manuel Lopes, Henrique Teixeira de Sousa, Gabriel Mariano, João Manuel Varela (João Vário, Timóteo Tio Tiofe, G. T. Didial) e Corsino Fortes.
Natural do Mindelo, onde nasceu em 1937, Osório era um dos mais importantes nomes da poesia cabo-verdiana contemporânea.
Oswaldo Osório, pela sua dimensão poética e percurso, destaca-se como um dos grandes ícones da poesia cabo-verdiana, embora não tendo o foco que merece na literatura cabo-verdiana, de acordo com a crítica especializada.
Começou por ser empregado de comércio e funcionário público, só depois a vida se encarregou de o unir à política e à escrita. ‘Caboverdeanamente Construção Meu Amor’ foi a sua obra de estreia, em 1975 e dois anos depois edita ‘Cântico do habitante, Precedido de Duas Gestas’, sempre sob o nome de Oswaldo Osório.
Já na prosa, podemos encontrar ‘Cantigas de Trabalho – Tradições Orais de cabo Verde’, de 1977, o ensaio ‘Emergência da Poesia em Amílcar Cabral’, de 1985, ou o romance ‘Nimores e Clara & Amores de Rua’.
Em 2004, teve de se adaptar à nova condição de vida.
Uma doença hereditária fez com que perdesse a visão, mas a impossibilidade de escrever, não o afastou do trabalho de poeta.
A sua companheira escreve as palavras de Oswaldo à medida que ele as dita.Em 2013, já com 70 anos, o cabo-verdiano publicou mais um livro de poesia, ‘A Sexagésima Sétima Curvatura’.
Depois da “Sexagésima Sétima Curvatura”, seguiram-se “As Ilhas do Meio do Mundo” e ainda “Teresias” e “Terasias II”.
JMV/AA
Inforpress/Fim
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