Cidade da Praia, 07 Nov (Inforpress) – O pró-reitor para as Tecnologias da Uni-CV considerou hoje que é contraditório falar de falta de água num país como Cabo Verde, onde 93 por cento (%) do território é mar, defendendo que a estratégia passa pela dessalinização.
Celestino Barros falava à imprensa, no âmbito do “Fórum Nexo Energia-Água” organizado pela Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) que visa reunir especialistas, autoridades governamentais e académicos para discutir o uso de energias renováveis e práticas eficientes de gestão da água no país.
O evento faz parte do projecto “Acesso à Energia Sustentável para a Gestão de Recursos Hídricos: Nexo Energia-Água”, financiado pelo Global Environment Facility (GEF) e implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO).
Para o também pró-reitor para a Inovação e Dados da universidade pública, historicamente esses dois sectores têm sido pensados e certamente funcionado de forma isolada, daí explicar a promoção desta iniciativa para analisar em como podem caminhar de mãos dadas.
“Porque, se formos ver, para a produção de energia é necessária água sobretudo para o arrefecimento. Mas, no entanto, também para a dessalinização e mobilização da água, também é necessária energia, então, daí a lógica de vermos esses dois sectores como sendo um nexo”, esclareceu.
Segundo acrescentou, o objectivo é precisamente discutir formas trazendo empresas públicas, privadas, instituições não-governamentais, a banca para ver as formas de financiamento.
Instado sobre o custo de energia e água no arquipélago, e se a Uni-CV enquanto instituição de ensino superior pensa futuramente criar cursos que oferecem condições para produção de energia e água mais barata, afirmou que é até contraditório num país como Cabo Verde onde 93% do território é mar estar-se a falar de falta de água.
“E, daí que a estratégia passa necessariamente, portanto, pela questão da dessalinização da água. É claro, basicamente, esse é um processo que envolve algum custo”, sugeriu, reforçando que é também neste sentido que a universidade está a promover este fórum para debater as linhas de investigação, produção ou mobilização, sobretudo da água.
Informou, entretanto, que a Uni-CV ministra actualmente cursos nessas áreas relacionados particularmente com o sector hídrico, e, também, com o sector da agricultura e da energia tendo pesquisadores, professores, e estudantes dessas áreas que também fazem parte dessa conferência.
Por seu lado, o director nacional da Indústria, Comércio e Energia, Rito Évora, enalteceu a iniciativa e apelou a todos a mobilizarem-se à volta deste tema “importante”, neste primeiro fórum que pretende ser anual, para que possam sair com pistas e novas linhas de trabalho.
Sublinhou que em muitas paragens o factor principal para se produzir energia é a existência da água, que, segundo disse, tem demonstrado ser a parte crítica dos processos produtivos das centrais convencionais e das hidroelétricas, e por outro também, e principalmente em Cabo Verde a água potável para ser mobilizada exige energia, que muitas vezes não está disponível.
“Então, esse nexo existe, temos que reconhecer felizmente a evolução das tecnologias de dessalinização ao ponto de hoje estarmos a ter projectos como o que está sendo gerido pela Águas de Rega”, assinalou, afirmando ser este “marco importante” para o país.
ET/ZS
Inforpress/Fim
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