Monumento Liberdade e Democracia: Oposição considera inoportuna, MpD estranha falta de questionamento em outros monumentos

Cidade da Praia, 29 Ago (Inforpress) – O PAICV e a UCID consideraram inoportuna a construção do monumento da Liberdade e Democracia tendo em conta as prioridades nacionais, já o MpD estranhou a falta de questionamento aquando da construção de outros monumentos.

Em declarações à Inforpress, o secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Vladimir Silves Ferreira ao manifestar a posição do seu partido sobre a construção do monumento da Liberdade e Democracia, na cidade da Praia, disse que Cabo verde está a enfrentar uma série de problemas que precisam ser resolvidos.

“Para o PAICV, este não é o momento para se investir 150 mil contos na construção de um monumento ainda mais num momento que passamos por uma situação de calamidade e perda de vidas humanas em São Vicente. Nesta conjuntura, seria importante se o Governo tivesse dado um sinal de solidariedade e respeito aos cabo-verdianos vitimas de tudo o que tem sido constrangimentos de governação nacional”, declarou.

No entanto, defendeu que o PAICV não é contra a valorização de datas históricas que seja feita por via de construção de monumentos, questionando, no entanto, a valor a ser canalizado na referida infra-estrutura.

"O que se questiona são os custos elevadíssimos e o momento, mas este não é somente um questionamento do PAICV basta ver a reacção da sociedade civil no seu todo (…) e seguir em frente com esse empreendimento é desrespeitar e desvalorizar a opinião publica cabo-verdiana", disse, frisando que “o Governo é legítimo para fazer esta obra e o povo tem a mesma legitimidade para julgar”, declarou.

Por seu turno o presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), João Santos Luís, em declarações à RCV, reconheceu o valor simbólico de um monumento que celebra a democracia cabo-verdiana, considerando, no entanto, que o momento é inadequado.

“Neste cenário de recursos limitados, em que as famílias enfrentam diariamente dificuldades de acesso aos serviços essenciais, a decisão de gastar à volta de 172.500.000 escudos, porque é 150 milhões escudos mais o IVA, num monumento mais nobre que seja a sua intenção, parece ser deslocada de realidade concreta vivida”, considerou.

Por isso, reforçou, a UCID pede a reavaliação da medida por entender que “a democracia não se fortalece apenas com símbolos”.

"Nós não estamos a questionar o mérito simbólico da iniciativa, mas sim a sua oportunidade. Num contexto de tantas exigências sociais e económicas, os monumentos podem esperar perfeitamente. A dignidade das pessoas é que não. Por isso, nós estamos estupefactos com esta decisão do Governo neste momento", afirmou.

Por sua vez, o líder da bancada parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD), Celso Ribeiro, estranhou o facto de se terem levantado várias vozes à volta deste assunto e de não ter sido registado o mesmo questionamento aquando da construção de outros monumentos em Cabo verde.

“É que muitas são as vozes que se levantam, contestando a oportunidade e o momento de obra, numa clara referência ao seu custo que ronda os 150 mil contos. E agora eu faço uma pergunta inversa. Fez-se o monumento de Amílcar Cabral? Não se fez nenhum questionamento. Fez-se o homem de pedra? Não se fez nenhum questionamento. Agora porquê? Eu acho que nós devemos ultrapassar essas quezílias”, criticou.

“Eu acho que não são esses aspectos, esses pensamentos que nos levam a lado algum. No mundo, nós temos a Torre Eiffel, nós temos outras estruturas emblemáticas por tudo quanto é lado”, lembrou.

Orçado em 150 mil contos, o monumento Liberdade e Democracia, está a ser erguido na Rotunda da Achada Grande Frente, na cidade da Praia, e deverá ser inaugurado no dia 13 de Janeiro de 2026, numa cerimónia que marcará as comemorações dos 35 anos da democracia e da liberdade em Cabo Verde.

CM/HF

Inforpress/Fim