Mindelo, 21 Jun (Inforpress) – A ministra da Administração Pública disse hoje, no Mindelo, que está a trabalhar na criação de uma linha de apoio aos funcionários da administração pública que tenham problemas de caráter mental e psicológico e que necessitem de suporte.
Edna Oliveira falava à imprensa momentos antes de presidir a III edição da Semana da Função Pública, em São Vicente, que acontece no âmbito da comemoração do “Dia da Função Pública”, que se assinala a 23 de Junho, e que faz referência à declaração de “2024 - Ano da Saúde Mental” em Cabo Verde,
Segundo a governante, apesar de vários profissionais sofrerem problemas de carácter mental e psicológico, muitas vezes essas pessoas não procuram ajuda porque são estigmatizadas.
Por isso, avançou, a perspectiva é criar uma linha que seja um canal de apoio discreto, anonimizado, que vai disponibilizar aos funcionários e agentes da administração pública atendimento profissionalizado nesta área.
“Fizemos um estudo a nível de vários países para conhecer medidas que estão a ser implementadas nessa linha. Já identificamos e estamos em fase de definição. Falta apenas criar também o diploma legal que vai propiciar a implementação desta medida. Estou a crer que no início do segundo semestre de 2024 estaremos a implementar a medida”, projectou.
Conforme Edna Oliveira, o Governo tem vindo a implementar um conjunto de medidas que, na sua perspectiva, contribuem para a melhoria da saúde mental, das quais a implementação dos programas de regularização de vínculo precário.
Trata-se, segundo a mesma fonte, de uma medida que visa “a promoção da boa saúde mental, reduzir a carga de trabalho, o stress, trazer brilho e satisfação profissional”, além do reconhecimento.
Sobre a realização da III edição da Semana da Função Pública, em São Vicente, Edna Oliveira disse que será um “momento oportuno” para receber muitas contribuições e recomendações, sobretudo, dos funcionários e dos dirigentes da classe sindical.
Isto, explicou, numa perspectiva de “criar espaços para debate para maior consciencialização da temática da saúde mental” e para “desmistificar muitos estigmas” que existem sobre a problemática da saúde mental, “enfrentando-a de frente”.
Por sua vez, a professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas na Universidade de Lisboa, Helena Águeda Marujo, que foi convidada a falar sobre “Clima e Cultura Organizacional e a Saúde Mental”, considerou que a saúde mental passou a ser um tema “muito relevante”, sobretudo no pós-pandemia.
Tudo porque, elucidou, as pessoas começaram a enfrentar “mais ainda, olhos nos olhos”, esta problemática do funcionamento humano, sendo essencial para a produtividade e para o compromisso profissional.
Segundo a pesquisadora, as próprias organizações ganham se o trabalhador estiver com equilíbrio mental.
“Hoje em dia não há qualquer dúvida, os dados são muito claros, por exemplo, pessoas que se descrevem como mais felizes, sentindo-se bem, satisfeitas no seu trabalho, que claramente têm níveis de produção mais elevados, têm menos baixas médicas, têm mesmo menos presencismo, portanto, quer estar no trabalho não estando, são mais comprometidas”, explicou.
Para Helena Águeda Marujo, as pessoas com equilíbrio mental têm melhor avaliação dos clientes e têm mais capacidade de inter-ajuda junto dos seus colegas dentro das organizações.
No entanto, a mesma fonte considerou que simultaneamente a organização, enquanto sistema humano, também tem a obrigação e a responsabilidade na promoção dessas condições de felicidade, porque elas só têm a ganhar.
Na sua perspectiva isso implica uma mudança nos modelos de gestão até porque, lembrou, hoje já há líderes a falar de liderança servidora e positiva.
Aqui, sintetizou, entram aspectos como a compaixão, a gratidão, a dimensão do reconhecimento, as formas mais apreciativas de comunicar e que fazem as pessoas sentirem-se realizadas e são os que também trazem a saúde e que mobilizam para a produtividade e para um desempenho melhor.
A III edição da Semana da Função Pública prossegue na tarde de hoje, na Câmara de Comércio do Barlavento, no Mindelo, com três painéis dedicados à temática da administração pública versus saúde mental.
CD/AA
Inforpress/Fim
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