Cidade da Praia 13 Nov (Inforpress) – A médica endocrinologista Vanusa Oliveira considerou hoje que já é altura de Cabo Verde investir em tecnologias e equipamentos modernos para facilitar os doentes com a diabetes no controlo e monitorização desta doença.
Vanusa Oliveira falava em entrevista à Inforpress, no âmbito do Dia Mundial de Diabete que se comemora nesta quinta-feira, 14, sob o lema “Para uma vida melhor com diabetes” com o intuito de destacar o caminho para a mudança no tratamento para melhorar a vida e o bem-estar diários das pessoas que vivem com a doença.
Segundo esta especialista, investir nos equipamentos modernos, como aparelhos e sensores e ainda nas tecnologias são ganhos “importantes” para o controlo da diabetes no país, sobretudo aos doentes que têm diabete tipo 1, que é mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens.
Para os diabéticos tipo 2 disse que não é indicado esses aparelhos de monitorização, só se for o caso de um doente que usa múltiplas doses de insulina.
Além disso, acrescentou também que é necessário investir na formação dos profissionais de saúde, sobretudo os nutricionistas, no sentido de prestar melhor acompanhamento dos diabéticos, através de novos conhecimentos.
“Temos que investir nessa parte, abrir a entrada de tecnologias no controlo da diabetes que ainda não temos no nosso país. E acho que estamos a ficar para trás em relação a isso. É custoso, mas temos que investir”, sublinhou.
Em relação ao tratamento, realçou que o país já tem basicamente quase todos os tipos de medicamentos que existem lá fora, mas que o “grande problema” nesta questão tem a ver com o preço dos mesmos que é "elevado".
"Os medicamentos são custosos e a maioria dos doentes que precisam deles são pessoas vulneráveis, que muitas vezes não têm condições para comprá-los", frisou.
Neste particular, a endocrinologista chama atenção do Sistema Nacional de Saúde no sentido de investir mais nos medicamentos para esses doentes, que não estão todos disponíveis, bem como, a comparticipação dos mesmos na compra através de seguros.
"No Sistema Nacional de Saúde não tem todos esses medicamentos disponíveis para os diabéticos. E nas farmácias tem quase todos, em que a comparticipação também não é total pelo Sistema de Saúde", referiu.
Vanusa Oliveira afirmou, por outro lado, que a diabetes é a primeira causa das doenças não transmissíveis a liderar a nível mundial, afectando 9 % da população.
A nível de Cabo Verde, disse que, de acordo com os dados de 2020, estima-se que 13 mil pessoas vivem com diabetes e que se pode incrementar de 1 a 2 % a cada ano.
Acrescentou igualmente que é um factor de risco para o surgimento de outras doenças, como, o AVC, amputação de membros inferiores, cegueira e doenças cardiovasculares que levam um doente ao infarto, considerado a primeira causa da morte em Cabo Verde.
Realçou que em Cabo Verde tem muitos doentes que são amputados, dando impressão que as pessoas “não estão a se cuidar”. Neste quesito, chamou a atenção dos doentes para se cuidarem mais, considerando que é "fundamental" para controlar esta doença.
“80% do controlo desta doença depende da actividade física e da alimentação. E os 20% dependem da medicação. Quando vamos na consulta, os doentes acham que o médico é que tem que passar remédio, mas eles é que têm que fazer a sua parte, mais essencial”, disse.
Considerou que é necessário que o Ministério da Saúde faça mais campanhas para sensibilizar as pessoas na prevenção e as pessoas que já têm diabetes para saberem dos riscos que podem levar a complicações.
Os principais factores que levam uma pessoa a desenvolver diabetes, segundo a mesma fonte, é a história familiar de diabetes tipo 2 na família, pessoas com mais de 45 anos têm mais risco, pessoas com hipertensão, colesterol, obesidade e que têm antecedentes de ovário poliquístico.
Para prevenir, Vanusa Oliveira aconselhou à toda população cabo-verdiana e também os diabéticos, a terem uma alimentação saudável, manter um peso corporal normal, evitar o consumo de tabaco e alimentos que contêm açúcar.
Com isso, é preciso um “bom” controlo da glicemia, da pressão e dos níveis de colesterol, para diminuir o risco de AVC e infarto, conforme explicou.
Diabetes é uma doença crónica em que há uma diminuição da segregação de insulina pelo pâncreas e isso leva então a uma hiperglicemia, que é a mesma coisa que um aumento da glicemia no sangue.
O Dia Mundial da Diabetes é celebrado em 14 de Novembro e foi criado em 1991 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), com o objectivo de consciencializar sobre a doença e a importância da prevenção.
DG/ZS
Inforpress/Fim
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