Cidade da Praia, 02 Mai (Inforpress) – O jornalista português Miguel Crespo considerou hoje, na cidade da Praia, que apesar das vantagens da inteligência artificial os profissionais da comunicação devem manter “o olhar crítico” e “validar as fontes” para “evitar a propagação de desinformação”.
Formador do Centro Protocolar de Formação de Jornalistas (Cenjor), Crespo esteve hoje na Universidade da Cabo Verde (Uni-CV) para proferir uma conferência sobre o impacto das redes sociais e da Inteligência Artificial (IA) no jornalismo.
O evento insere-se nas comemorações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, assinalado no dia 03 de Maio, e que marca a abertura do colóquio internacional “Direitos Humanos da Comunicação”.
Em declarações à imprensa, o jornalista destacou que as redes sociais têm sido uma “ferramenta valiosa” para o jornalismo em Cabo Verde, permitindo que a informação chegue a um público mais amplo e oferecendo novos canais de interação, e que os jornalistas cabo-verdianos estão a usar as redes sociais “bastante bem”, dentro dos padrões.
No entanto, Miguel Crespo alertou para os desafios do jornalismo trazido pela inteligência artificial, que, apesar de uma ferramenta “poderosa e acessível”, deve ser utilizada “com cautela”.
"Não podemos confiar cegamente nas ferramentas de IA, como o ChatGPT, especialmente no jornalismo, em que a validação da informação e a verificação das fontes são fundamentais”, explicou.
Para o jornalista, a principal vantagem da IA no jornalismo é a sua capacidade de processar e analisar grandes volumes de dados rapidamente, facilitando pesquisas. Contudo alertou que a inteligência artificial tem as suas limitações, como por exemplo do ChatGTP que tem “uma falha grave, não fornece fontes confiáveis e em alguns casos, até inventa informações”, o que põe em causa a credibilidade das fontes.
A resistência à adoção da IA nas redações é uma realidade, tanto em Cabo Verde como em Portugal. Miguel Crespo reconheceu que a inovação tecnológica pode ser vista com desconfiança pelos profissionais, mas sublinha que, com o tempo, a adaptação será inevitável.
"O jornalismo precisa de se atualizar, como aconteceu com a chegada da internet e das câmaras fotográficas digitais, microfones sem fios, e que ninguém nasce ensinado, mas que é preciso perceber como tirar o melhor partido daquilo que os jornalistas podem fazer com a inteligência artificial”, disse.
Por fim, deixou uma mensagem aos jovens jornalistas de que a parte humana no jornalismo é sempre fundamental, pois não é simplesmente recolher a informação no ChatGPT e copiar aquilo que esta ferramenta dá, e sim ter um “olhar crítico” para a informação.
JBR/AA
Inforpress/Fim
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