Jorge Carlos Fonseca realça o clima político que se vive que não favorece ao diálogo, à tolerância e à procura de consensos

Inicio | Política
Jorge Carlos Fonseca realça o clima político que se vive que não favorece ao diálogo, à tolerância e à procura de consensos
16/09/25 - 03:09 pm

Cidade da Praia, 16 Set (Inforpress) – O antigo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, disse hoje que Cabo Verde está a viver um clima de “muita picardia política” que cria condições pouco favoráveis ao diálogo político, entre as forças políticas.

Jorge Carlos Fonseca falava à imprensa, no final do encontro que manteve com o Presidente da República, José Maria Neves, no âmbito do processo de auscultação de personalidades e entidades nacionais sobre a situação política do país.

“Falamos sobre o clima político que se vive no país, que, por haver eleições próximas, um clima de muita picardia política, (…), no nosso caso, e de um ponto de vista institucional, estarmos numa situação que não é normal e nem desejável, de termos praticamente todos os órgãos externos ao Parlamento com membros com mandato caducados”, disse.

Para Jorge Carlos Fonseca pode até ser normal, numa ou noutra posição, em se ter uma instituição nessa situação, mas o facto de permanecerem situações de órgãos que, praticamente, fizeram mais um mandato, sem a legitimação da nomeação e da eleição, “não é bom para as instituições”.

Reconheceu, entretanto, que tal situação não põe em causa a legitimidade ou a validade das decisões preferidas ao abrigo de regras existentes e válidas.

Alerta para um esforço de todas as forças políticas em resolver tal situação, de momento, e, se possível, antes das eleições, para que todos os órgãos estejam renovados, apontando instituições como a Comissão de Protecção de Dados, a Agência de Regulação da Comunicação Social, assim como de órgãos que são fundamentais para o Estado de Direito Democrático, mais concretamente, o Procurador-Geral da República e outros.

“Não é fácil, com o ambiente que nós vivemos, com a aproximação das eleições, com este contexto de dominância das redes sociais, que ainda não se conseguiu uma razoável e legitimada regulação da sua actuação”, precisou, sublinhando que isso beneficia interesses ligados ao funcionamento dos partidos políticos e a novas lideranças de algumas forças políticas.

Como fundador da Iniciativa “Liberdade e Democracia”, Jorge Carlos Fonseca admite a necessidade de se alargar e solidificar uma cultura da liberdade e da democracia, sobretudo nestes tempos em que a picardia política é “normal na democracia”, já que a democracia exige debate, diferença e dissenso.

Tudo isso, segundo defendeu, para que as instituições funcionem normalmente e as autoridades de Cabo Verde possam manter a marca que tem neste momento, como referência, e o prestígio do seu Estado de Direito e da sua democracia.

O político referiu, ainda, o papel da comunicação social que, no seu entender, deve ser determinante e assumindo uma pedagogia, sobretudo de contraponto àquilo que se está a fazer nas redes sociais, com a verdadeira informação e evitar que a própria imprensa possa estar a ser contaminada pelo estilo, ritmo e objectivos das redes sociais.

Conforme Jorge Carlos Fonseca a conversa foi descontraída e aberta, tendo focado em aspectos da vida nacional e política, sobretudo, a económica, num contexto nacional de aproximação das eleições legislativas.

PC/HF

Inforpress/Fim 

Partilhar