Cidade da Praia, 02 Jun (Inforpress) – A presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Ana Samira Silva, mostrou-se hoje “confiante” de que a candidatura do Campo de Concentração a Património Mundial será bem-sucedida e apelou ao engajamento dos países envolvidos para alcançar este desiderato.
Ana Samira Silva fez estas afirmações em conferência de imprensa, após ser recebida pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, para apresentação do dossiê da candidatura do Campo de Concentração a Património Mundial.
O primeiro encontro, segundo esta responsável, serviu para partilhar com o chefe do executivo o ponto de situação em relação ao projecto da candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial, os meandros da candidatura e alguns desafios deste processo.
Apontou, neste sentido, a apropriação do espaço fora do perímetro prisional por parte de 30 famílias, gestão desta situação e integração destas famílias como um dos desafios a serem ultrapassados.
“Estamos a falar de um património que foi reapropriado pelas comunidades e que, de alguma forma, contribuíram para a sua conservação e a Unesco vai querer saber, qual é a nossa perspectiva de integração destas famílias, tanto na sua permanência no espaço, que ocupam neste momento como residência, mas também nas perspectivas de gestão do sítio, como é que nós olhamos para esta questão”, realçou, garantindo que o objectivo não é retirar as famílias do referido espaço.
A presidente do IPC lembrou que a referida candidatura é uma candidatura conjunta, envolvendo Cabo Verde, Portugal, Angola e Guiné-Bissau que partilham memórias de luta de libertação nacional e que estão intrinsecamente ligados ao Campo de Concentração do Tarrafal.
Adiantou que neste momento o IPC está a intensificar os trabalhos técnicos e vai intensificar o plano de comunicação com várias instituições do Estado que de alguma forma possam influenciar positivamente esta candidatura.
“Vamos agora intensificar a parte da comunicação, porque na verdade há outras reuniões institucionais que estão a ser agendadas para a composição de uma comissão de honra da candidatura, porque já há uma comissão técnica que integra o núcleo duro de técnicos do IPC e de outras instituições do Estado”, indicou.
Ana Samira Silva mostrou-se, neste sentido, confiante de que a candidatura do Campo de Concentração a Património Mundial será bem-sucedida pelo valor que o sítio tem, o engajamento e compromisso das equipas de trabalho e pelo suporte das organizações.
“Nós temos até o mês de Dezembro de 2026 para submeter a candidatura, nós podemos fazê-lo antes, não há nada que nos impeça de o fazer antes, mas a data limite para a submissão da candidatura neste ciclo 2025-2026 é Dezembro de 2026, portanto é neste horizonte que nós estamos a trabalhar”, afirmou.
Apelou, por outro lado, à aceleração da componente política ou diplomática, não só de Cabo Verde, mas também dos países que já apoiaram esta candidatura, por forma a realizarem um trabalho conjunto e que vai honrar a memória do espaço e a memória da humanidade.
A intenção da candidatura foi formalizada pelo Governo de Cabo Verde através de uma Resolução, publicada em 25 de Abril de 2024, alinhando-se com a Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural, adoptada a 21 de Novembro de 1972, à qual Cabo Verde aderiu na qualidade de Estado Parte.
A preservação e a valorização do Campo do Tarrafal como Património Mundial traduzem o reconhecimento da urgência de proteger bens culturais ameaçados por transformações sociais e económicas, assegurando a sua transmissão às futuras gerações.
CM/ZS
Inforpress/Fim
Partilhar