*** Por Luís Carvalho, da Agência Inforpress ***
Cidade da Praia, 06 Set (Inforpress) – O antigo director-geral da Empa, Orlando Mascarenhas, considera que esta empresa, criada em 1975, teve um “papel determinante” não só no abastecimento à população, como também no apoio ao próprio sector privado do comércio.
Em entrevista à Inforpress, por ocasião dos 50 anos da independência nacional, Orlando Mascarenhas defendeu que a EMPA foi uma “grande criação”, cujo objectivo principal era apoiar a sociedade cabo-verdiana no domínio da alimentação e da construção civil, numa altura de grandes dificuldades.
“As empresas privadas, também, abasteciam-se a partir da EMPA e faziam o seu trabalho comercial naturalmente”, lançou Orlando Mascarenhas que descreve a antiga empresa como um modelo.
A Empa, que nasceu com a independência nacional, começou as suas actividades com um capital social de 500 contos e com 15 trabalhadores.
“Houve uma evolução, quer dizer, já no meu tempo, em 83, nós estivemos lá cerca de oito anos, a EMPA já aglomerava cerca de dois mil trabalhadores, entre efectivos e ocasionais” apontou, acrescentando que em termos familiares cerca de 12 mil pessoas beneficiavam da existência desta empresa.
Com a sua chegada à liderança da Empa, adoptou um modelo de gestão por objectivos e participativa, “em que todos assumiram a empresa como uma propriedade sua e trabalhavam, de facto, com uma militância, com uma vontade bastante grande”.
Na altura, a empresa já movimentava cerca de 1500 contos por ano. Entretanto, com o trabalho que se criou junto dos trabalhadores e sua participação, a evolução foi de tal forma que a EMPA aumentou para cerca de 6 milhões de contos anuais o seu volume de negócios.
Inicialmente, a maioria das instalações onde funcionava a empresa era alugada.
“A empresa iniciou um processo de construção em todos os concelhos do país, quer dizer, construímos armazéns, escritórios, habitação para os delegados e, em certas ocasiões, habitações mesmo para os trabalhadores”, salientou Orlando Mascarenhas.
Como forma de incentivar os trabalhadores, foi criado um fundo social que era gerido pelos próprios.
“A Empa tinha ainda uma política muito interessante, que é a chamada política de preço único”, evidenciou o antigo gestor, congratulando-se com o facto de, na altura, a empresa colocar os seus produtos por um mesmo preço em todos os pontos do país, beneficiando toda a sociedade.
Orlando Mascarenhas esteve também na origem da criação, em Novembro de 1995, da Câmara do Comércio, Indústria e Serviço de Sotavento, tendo sido seu presidente durante 12 anos.
“A criação da Câmara do Comércio foi um imperativo”, observou Mascarenhas, para quem esta instituição permitiu ao setor privado vencer alguns constrangimentos com que se deparavam, na altura.
Para o fundador da maior família empresarial cabo-verdiana, a partir do surgimento desta instituição, os operadores económicos passaram a fazer intercâmbios e assinar acordos de cooperação com os seus homólogos de vários países, como Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Brasil, Argentina e Regiões Autónomas da Madeira, Açores e Macau.
“Procurou-se incentivar e dignificar a classe empresarial [nacional]”, notou, acrescentando que, a partir da criação da Câmara do Comércio, se registou um incremento de feiras e visitas de empresários a Cabo Verde, o que significa “que a evolução foi mesmo enorme”.
A evolução económica do país e também o papel que se pretendia reservar na ocasião ao setor privado, frisou Mascarenhas, aconselhava a organização dos agentes económicos, por forma a poderem corresponder às expectativas que sobre eles impendiam.
Orlando Mascarenhas destacou-se também no mundo do desporto, nomeadamente futebol, não só como praticante, mas também enquanto dirigente, tendo alcançado o mais elevado cargo no sector, ou seja, a presidência da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF).
Pela sua participação activa na cidadania social, política, empresarial e desportiva, Orlando Mascarenhas é portador de duas condecorações com Medalhas de Mérito, Primeira Classe atribuídas, respectivamente, pelos Presidentes da República Jorge Carlos Fonseca e José Maria Neves.
LC/CP
Inforpress/Fim
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