Cidade da Praia, 24 Out (Inforpress) - A direcção do Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN) assegura que não houve negligência nos casos do óbito materno e justifica com “cumprimento protocolar” o desaparecimento do corpo do recém-nascido na casa mortuária, ocorridos recentemente ca Cidade da Praia.
Em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, a directora clínica do HUAN, Hirondina Borges, esclareceu que a retenção da placenta na parede do útero foi a causa da morte da paciente Tatiana Isabel Moreira, que dera entrada no hospital com 35 semanas de gravidez.
Hirondina Borges acrescentou que a retenção da placenta foi detectada após o parto, porque a paciente não teve um acompanhamento pré-natal.
“Num parto fisiológico normal, após a saída do feto, há um período de 30 minutos até uma hora para saída da placenta, o que não aconteceu com a paciente”, explicou.
Tendo em conta essa situação, prosseguiu, a parturiente foi levada para o bloco operatório onde foi constatado a retenção da placenta na parede do útero.
“A isto chamamos placenta percreta, que invade completamente o útero e os órgãos próximos como bexiga e até os vasos sanguíneos, causando uma hemorragia massiva”, explicou Hirondina Borges, enfatizando que este diagnóstico foi feito no período pós-parto.
“Se trata de uma complicação com alta taxa de mortalidade, mais de 90 por cento, e tem que ser diagnosticada num período pré-natal precoce, entre 18 e 24 semanas”, precisou.
Perante essa situação, a médica disse que se a paciente Tatiana Isabel Moreira tivesse feito um pré-natal normal, conforme recomenda o protocolo do Ministério da Saúde, teria sido internada a partir de 34 semanas de gravidez e vigiada até ao parto.
No caso do desaparecimento do corpo do recém-nascido na casa mortuária, Hirondina Borges esclareceu que o HUAN tem um protocolo de fazer o sepultamento de peças anatómicas, nados-mortos e placentas, “que é um procedimento normal de uma instituição hospitalar”.
“Normalmente é o hospital que faz o sepultamento dos nados-mortos, não é a família”, esclareceu Hirondina Borges, informando que o recém-nascido foi sepultado, conforme protocolo hospitalar, como nado-morto.
“Normalmente, como o hospital tem o protocolo de fazer o sepultamento de todos os nados-mortos, o que a família não faz, do corpo o recém-nascido foi levado a sepultar”, acrescentou.
No entanto, contou que após o sepultamento, a família deixou saber que queria fazer as cerimónias fúnebres, sendo que por isso o Hospital Agostinho Neto teve que fazer um pedido judicial junto da Procuradoria Geral da República para a exumação.
"O recém-nascido nunca esteve desaparecido, falamos com a família desde o primeiro momento, explicando os procedimentos a fazer para poder entregar o corpo”, asseverou.
A morte de Tatiana Isabel Moreira foi denunciada nas redes sociais no dia 26 de Setembro, com os familiares a alegar negligência médica que culminou com a morte da gestante grávida de 38 semanas.
No dia 30 de Setembro, Maria Tavares e Danielson Vaz, pais de um par de gémeos, manifestaram o seu desagrado com o hospital da Praia, depois de terem conhecimento de que o corpo do bebé desapareceu da estrutura hospitalar.
Os gémeos nasceram prematuramente em Julho e um dos bebês morreu após o parto e o outro ficou internado durante dois meses e veria a falecer.
OM/ZS
Inforpress/Fim
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