
Cidade da Praia, 02 Dez (Inforpress) – O Governo distinguiu, a título póstumo, o artista plástico e activista cultural Carlos Gonçalves com o 2.º Grau da Medalha de Mérito Cultural pelo “contributo relevante que prestou à cultura e à promoção da identidade cabo-verdiana” na diáspora.
De acordo com a nota, a condecoração, atribuída por despacho do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, destaca o “percurso singular” do artista nascido na ilha de Santiago em 1954, e falecido em 2002, cuja obra e intervenção cultural “marcaram profundamente a comunidade emigrada”, sobretudo em França, onde se afirmou como referência da gravura e das artes visuais.
Formado nas Escolas Superiores de Belas Artes de Lisboa e de Lyon, depois de uma breve passagem pela Agronomia, Carlos Moreira “integrou-se plenamente na comunidade artística francesa, expondo, ensinando e colaborando com instituições e criadores de renome” em França, Suíça e Portugal.
O seu trabalho valeu-lhe reconhecimento internacional, incluindo menções da France Culture e do jornal francês Le Monde, que sublinharam a força expressiva da sua obra.
Co-fundador e primeiro presidente da Associação Alliance Capverdienne de Lyon, Carlos Moreira teve igualmente “um papel decisivo” na dinamização cultural da diáspora, organizando eventos, fortalecendo laços comunitários e promovendo a identidade cabo-verdiana.
A própria associação baptizou a sua sede como “Espace Carlos Moreira”, homenagem duradoura ao impacto da sua acção.
Para além das artes visuais, destacou-se como actor, ilustrador e conferencista, sendo autor de obras como Cap-Vert, Notes Atlantiques (1997), que combina gravura, fotografia e poesia numa abordagem estética profundamente enraizada no imaginário cabo-verdiano.
O Governo sublinha que Carlos Moreira foi reconhecido, em vida, pela imprensa de Cabo Verde e de França como um “inesgotável embaixador cultural do seu país”, expressão do etnólogo Jean-Yves Loude, que acompanhou de perto o seu percurso.
A distinção agora atribuída pretende, de acordo com o despacho, expressar a gratidão do Estado cabo-verdiano pela “relevância excecional do legado artístico e pela marca indelével” que deixou na diáspora e no prestígio cultural do país a nível internacional.
CM/AA
Inforpress/Fim
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