Mindelo, 17 Out (Inforpress) – O escritor cabo-verdiano Germano Almeida vai lançar o seu mais recente livro “Amadeu Oliveira: O Inferno da Não Justiça”, no dia 30 de Outubro, no Grémio Literário de Lisboa, Portugal.
Em declarações à Inforpress, o escritor e advogado explicou que se trata de uma obra de mais de 200 páginas com mais de 40 artigos de opinião que escreveu sobre o caso do ex-deputado e advogado Amadeu Oliveira, que cumpre sete anos de prisão na cadeia de São Vicente, condenado pelo Tribunal da Relação do Barlavento pelos crime de atentado contra o Estado de direito e crime de ofensa a pessoa colectiva, este último pelas acusações públicas feitas aos juízes do Supremo Tribunal de Justiça.
“Na verdade, esse livro é meu e não é meu. Explicando-me melhor, são textos que eu fui publicando no jornal A Nação, a propósito do caso Amadeu Oliveira, que é um caso que me tem preocupado bastante, na medida em que é um dos casos de injustiça mais persistentes que têm acontecido aqui em Cabo Verde”, esclareceu Germano Almeida.
Segundo Germano Almeida, contrariamente à questão da reforma agrária, que foi de uma injustiça atroz, mas que foi corrigido com alguma presteza, no caso do Amadeu a impressão que dá é que querem mantê-lo na cadeia, se calhar para cumprir os tais sete anos de cadeia.
“Felizmente, já não temos medidas de segurança em Cabo Verde após as prisões, senão, se calhar, até o deixariam por mais tempo, porque consideram o Amadeu uma espécie de um inimigo público. Quando, efectivamente, Amadeu não é um santo, mas ele não merece ser tratado como está sendo tratado”, lançou.
Para o escritor e advogado, a acusação que fizeram a Amadeu Oliveira e “a condenação a sete anos de cadeia que lhe deram é um absurdo” porque, argumentou, “no fundo, condenam-no pelo facto de ele ser advogado”.
“Isto é inadmissível em qualquer parte do mundo, eu vou sempre batalhar contra isto até que, finalmente, venha a pôr termo a esta situação”, assegurou a mesma fonte, explicando que é a partir desta batalha persistente que amigos próximos ao Amadeu Oliveira lhe sugeriram que publicasse as crónicas em livro.
“Eu escrevi as crónicas para saírem no jornal, normalmente as crónicas não são feitas para serem publicadas em livro. Mas eles contrataram a Rosa de Porcelana e vão sair então as crónicas em formato de livro”, acrescentou a mesma fonte, informando que o livro deverá ser lançado também em Cabo Verde.
Conforme Germano Almeida, o objectivo do livro é dar maior publicidade à injustiça que se está a fazer no caso Amadeu Oliveira porque “é um caso que interessa a todos os nacionais”, na medida em que “deve ser a forma de injustiça mais grave que se está a cometer desde que Cabo Verde é independente”.
“É uma pena não haver mais gente a opor-se e a protestar contra esta situação, porque é como se os poderes do País através da justiça, através do Parlamento, através do Governo, estivessem mancomunados para prejudicar o Amadeu. Não digo também a Presidência na medida em que ela tem se mostrado irrelevante nesta situação”, considerou.
Para Germano Almeida apesar de ser um caso de injustiça grave não se fez nada até agora para corrigir esta situação que envergonha o País.
Aliás, lembrou, “o próprio Tribunal Constitucional ao declarar que um costume absolutamente contra a lei podia ser virado a favor da lei foi feito exclusivamente sob medida para prejudicar o Amadeu Oliveira”.
“Há muita gente em Cabo Verde que sabe isto, não têm coragem de dizer. Eu não quero dizer que eu seja mais valente que os outros, mas sinto-me no dever de dizer”, frisou Germano Almeida.
Com o selo da editora Rosa de Porcelana, a apresentação do livro “Amadeu Oliveira: O Inferno da Não Justiça” em Portugal estará a cargo de Maria João de Novais.
CD/HF
Inforpress/Fim
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