Jerusalém, 23 ago (Inforpress) – Pelo menos oito pessoas morreram na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, incluindo dois bebés com poucos meses de idade, devido à fome no território palestiniano, anunciou hoje o governo local.
“Isto eleva o total de vítimas [da fome] para 281, incluindo 114 crianças”, desde o início da ofensiva militar israelita em Outubro de 2023, disse o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
A ONU declarou a fome na província de Gaza na sexta-feira, a primeira vez no Médio Oriente, e alertou que a situação deverá alargar-se às províncias de Deir el-Balah (centro) e Khan Younis (sul) até ao final de Setembro.
A situação de fome em Gaza e nas cidades vizinhas afecta mais de meio milhão de pessoas, segundo a ONU.
O secretário-geral adjunto das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, afirmou na sexta-feira que se trata de uma fome “previsível e evitável” causada pelo homem.
Uma das crianças referidas no comunicado do Ministério da Saúde era uma menina 5 meses que morreu na sexta-feira no Hospital Naser de Khan Younis, após sofrer de “desnutrição grave”, disse um médico daquela unidade à EFE.
Embora a criança sofresse de atrofia e paralisia cerebral desde o nascimento, não sobreviveu à escassez de alimentos e suplementos nutricionais, segundo a mesma fonte.
“Ela morreu por falta de leite”, declarou o pai da menina, Ashraf Brika, à agência palestina Wafa, depois de explicar que tentou, sem sucesso, conseguir leite em pó altamente nutritivo na devastada Faixa de Gaza.
Segundo a família da menina, a mãe, Sahar Salim Brika, 31 anos, também sofre de desnutrição e não conseguia alimentar a filha.
Num outro comunicado, o Ministério da Saúde de Gaza apelou hoje à comunidade internacional para agir e ir além de meras declarações.
“Salientamos que a instigação da fome é apenas um elemento dos capítulos do genocídio, que também inclui a destruição sistemática do sector da saúde e de outros sectores, os massacres em massa e a política de erradicação geracional”, afirmou.
“Centenas de mortes poderiam ter sido evitadas e as vidas de milhares estão em risco”, acrescentou.
Israel negou a existência de fome na Faixa de Gaza e acusou a ONU de veicular uma narrativa falsa do Hamas, o grupo extremista que governa o enclave palestiniano desde 2007.
Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do Hamas em 07 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
A ofensiva israelita provocou mais de 62.260 mortos em Gaza, a maioria civis, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde de Gaza, considerados fiáveis pela ONU.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.
Inforpress/Lusa/Fim
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