São Filipe, 09 Jul (Inforpress) – São Filipe celebra este ano o 103.º aniversário da sua elevação à categoria de cidade com uma sessão solene da Assembleia Municipal, presidida pelo antigo Presidente da República Pedro Pires.
Elevada à categoria de cidade a 12 de Julho de 1922, para assinalar a efeméride o município preparou um conjunto de actividades comemorativas, iniciadas no passado dia 05 de Julho na denominada “Semana da Cidade” com destaque para a realização da sessão solene da Assembleia Municipal.
A sessão solene está agendada para o próximo sábado, 12, nas instalações da Casa das Bandeiras, contará com a presença de várias figuras e será presidida pelo antigo Presidente da República Pedro Pires.
O programa da sessão inclui intervenções dos líderes das bancadas municipais do MpD e do PAICV, assim como dos presidentes da câmara da assembleia municipais de São Filipe e será concluído com o discurso do ex-chefe de Estado Pedro Pires, cuja ligação histórica e política ao país traz “um significado especial à cerimónia”, de acordo com a organização.
Esta celebração reveste-se “de grande importância para os munícipes” de São Filipe, ao recordar mais de um século de história, identidade e desenvolvimento da cidade, que continua a ser um dos centros culturais e patrimoniais mais marcantes da ilha do Fogo.
São Filipe, que ascendeu a cidade a 12 de Julho de 1992, é o segundo aglomerado populacional mais antigo de Cabo Verde, depois da ruína da Ribeira Grande, actual Cidade Velha, na ilha de Santiago.
A sua fundação e povoamento aconteceu um quarto de século após o “achamento” de Cabo Verde pelos portugueses em 1460/62, segundo registo histórico e é o primeiro e principal centro urbano da ilha.
O seu povoamento começou antes de 1493 e em 1572 tinha cerca de 200 fogos (casas) e aproximadamente duas mil pessoas.
No dia 12 de Julho de 1922, a então Vila, ou Bila como continua a ser tratada por muitos dos seus habitantes, ganhou estatuto de cidade, graças à influência política de um dos seus filhos, Abílio de Macedo.
O diploma legal número 2 de 12 de Julho aprovado pelo Conselho Legislativo Colonial e que elevava a vila de São Filipe à categoria de cidade foi publicado no Boletim Oficial Nº 28 de 1922 e apontou um conjunto de razões.
O facto desta urbe “depois de ter jazido longos anos no mais censurável esquecimento, tem sido contemplado nestes últimos tempos com algumas obras”, nomeadamente a igreja de Nossa Senhora da Conceição que, nesta altura (12 de Julho de 1922), apenas faltava pequenos trabalhos de acabamentos, a Alfandega no porto da Luz e alguns lanços de estradas, foram as razões determinantes.
O documento de base que determinou a atribuição do estatuto de cidade à então vila apontava ainda que “a dinâmica natural tenha ganhado um certo ritmo, pois, só assim se compreende que poucas dezenas de anos depois, a Vila tenha sido elevada a cidade, dado o lugar que ocupava entre as restantes vilas da província”.
“As nobilíssimas tradições que a história regista como o gesto sublime de grandeza e patriotismo pela sua atitude altiva contra o domínio de Espanha (…), a avultada riqueza comercial e agrícola (…), os importantes melhoramentos e notórias modificações, por que tem passado, atestam na fisionomia social da sua população o louvável desejo de engrandecer e progredir” constava dos argumentos para a sua ascensão à cidade, segundo o próprio documento.
Um “apreciável grau de instrução” da população, sendo “insignificante” o número de analfabetos e o rendimento com que concorria para os cofres da província foram outras das razões que ditaram a elevação da Vila (Bila) de São Filipe à cidade.
Hoje o conjunto histórico-patrimonial do centro histórico de São Filipe, conhecido como “cidade dos sobrados” foi declarado património nacional e faz parte da lista indicativa da Unesco.
JR/AA
Inforpress/Fim
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