São Filipe, 20 Jan (Inforpress) - O presidente da câmara de Santa Catarina do Fogo, Manuel Teixeira, abordou hoje as dificuldades financeiras e administrativas que herdou ao assumir a gestão da câmara e os desafios para fazer face à situação.
Numa primeira declaração à comunicação social desde que assumiu a presidência da câmara de Santa Catarina, precisamente há um mês, Manuel Teixeira revelou que o município enfrenta “uma situação delicada”, com “dívidas elevadas e problemas estruturais”, que exigem “atenção urgente” para trabalhar e resolver todas as situações e garantir a continuidade dos serviços à população.
Afirmou que, embora já tivesse conhecimento das dificuldades antes de assumir o cargo, a realidade encontrada foi ainda mais grave do que se imaginava.
"Sabíamos que o município não estava em bom estado, mas o cenário é mais complicado do que esperávamos. Temos dívidas significativas, e algumas questões mais urgentes que precisam de resolução imediata, como o financiamento da organização não-governamental (ONG) luxemburguesa Betebuerg Helleft Luxemburgo e problemas com o banco", explicou o edil.
A transição de gestão foi marcada pela “falta de passagem das pastas e dos processos internos”, sublinhou, o que fez com que a nova gestão tivesse informações limitadas sobre a situação financeira e administrativa da câmara.
Sublinhou que "não houve uma passagem de pastas adequada” e a equipa está num processo de conhecimento dos problemas.
Esta situação, explicou, pode levar a realização de uma auditoria para entender melhor os processos e poder comunicar claramente à população sobre o estado real da câmara.
Um dos problemas “mais preocupantes” é o “uso indevido de fundos”, que pode comprometer o financiamento da ONG Luxemburguesa, que é essencial para o município, advogou Manuel Teixeira.
O autarcaafirmou que há “indícios de que os recursos foram mal utilizados, possivelmente para financiar festas”, mas que ainda está em processo de averiguação.
"Estamos a tentar confirmar as informações e encontrar uma solução. Se não conseguirmos justificar correctamente o uso desses fundos, corremos o risco de perder o financiamento, e isso não queremos, apesar de sentir alguma dificuldade na justificação, está a fazer o melhor para justificá-lo ", ressaltou.
O edil mencionou questões relacionadas a contratos irregulares assinados pela administração anterior e apontou como exemplo a “contratação ilegal” de uma monitora de jardim infantil para serviços administrativos e que teve que ser revogada.
"Este contrato não poderia ter sido assinado, pois o ex-presidente da câmara não tinha autoridade para isso. Estamos tomando as medidas necessárias para corrigir essas falhas", explicou.
O presidente destacou ainda os desafios enfrentados com a quantidade de funcionários e a necessidade de reorganização interna e sublinhou que a câmara tem “muitos funcionários”, mas a maioria não tem funções claras.
“Estamos a trabalhar para reorganizar os serviços, garantir que todos possam desempenhar suas funções e que os recursos humanos sejam bem aproveitados", defendeu Manuel Teixeira, que ressaltou que a prioridade é garantir que todos os funcionários trabalhem de forma comprometida e eficiente.
Perante essas dificuldades, Manuel Teixeira enfatizou que sua gestão está focada em resolver os problemas de forma justa e transparente.
"Não estamos aqui para vingança, mas para fazer justiça e reorganizar a câmara, garantindo que todos cumpram suas responsabilidades e que possamos melhorar a gestão para o bem de toda a população", concluiu o presidente, que reconheceu que pode levar até três meses a trabalhar somente na reorganização do pessoal que é o caso que está a dar-lhe mais dores-de-cabeça.
JR/AA
Inforpress/Fim
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