
Cidade da Praia, 11 Dez (Inforpress) – A escritora Eurídice Monteiro desafiou hoje o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas a incentivar o hábito de leitura no seio dos jovens, mandando instalar bibliotecas nas comunidades, e defendeu uma reflexão sobre o preço dos livros.
A escritora, que fez esta recomendação num encontro cultural no quadro da “Morabeza Festa do Livro”, em que participou o músico e escritor angolano Kalaf Epalanga, disse ainda que o preço dos livros em Cabo Verde é um assunto sobre o qual se deve reflectir, se se quiser estimular o hábito pela leitura.
Eurídice Monteiro, que é também investigadora e professora universitária, lançou estes desafios às autoridades ligadas à cultura perante uma plateia constituída essencialmente por estudantes da vizinha escola secundária Cônego Jacinto, que fica a parede meia com a Biblioteca Nacional, onde decorreu o evento.
Por sua vez, o escritor Kalaf Epalanga apresentou a sua experiência do adolescente que, como disse, teve o privilégio de ter acesso à biblioteca dos pais e dos avós.
Na sua perspectiva, a literatura tem o poder fazer as pessoas conhecerem o outro lado e outras fronteiras sem se sair de casa.
“Tenho aprendido muito ao encontrar-me com escritores africanos”, indicou o músico e fundador dos “Buraka Som Sistema”, que reside entre Lisboa e Berlim, Portugal e Alemanha, respectivamente.
À semelhança do que defendeu a escritora Eurídice Monteiro, Epalanga enalteceu igualmente que aprendeu a relacionar-se com a literatura através da oralidade.
“Foram as estórias dos nossos avós, dos nossos tios que realmente nos introduziram no acto de contar estórias”, realçou, acrescentando que a forma como os escritores africanos escrevem os seus livros constitui a sua “grande escola”.
Acredita que na viragem do próximo século, o conjunto dos países africanos de língua oficial portuguesa “vai ultrapassar o Brasil”, em termos de literatura.
“Daqui a 50 anos, estaremos, provavelmente, quase empatados com o Brasil e nos próximos 75 anos teremos uma população maior que a brasileira”, prognosticou o músico e escritor, para quem isto vai mudar a forma de se ver as histórias africanas. “Seremos o maior número de pessoas a escrever e a consumir o que se produz na literatura”, justificou.
A conversa foi moderada pelo jornalista e escritor Daniel Medina e contou com a presença do ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Augusto Veiga.
LC/ZS
Inforpress/Fim
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