Escritora cabo-verdiana Vera Duarte aponta educação como “pilar fundamental” do futuro descolonizado

Cidade da Praia, 27 Nov (Inforpress) – A escritora cabo-verdiana Vera Duarte, que participa de 28 a 30 no 1º Festival Literário Internacional da Paraíba (FliParaíba), em João Pessoa (Brasil), vai defender na sua comunicação a educação como “pilar fundamental” do futuro descolonizado.

O debate, que acontece no Centro Cultural São Francisco, com o tema “Camões 500 anos - uma nova cidadania para a língua”, segundo declarações da escritora publicada no site do Governo da Paraíba, faz parte das dez ideias a serem debatidas no festival que vai abordar temas sobre um futuro descolonizado.

Ainda de acordo com a mesma fonte, Vera Duarte vai fazer parte da mesa cujo tema “Pluralidade e diversidade: educação como pilar do futuro descolonizado”, será debatido sexta-feira, 29, e será composta pelas escritoras Maria Valéria Rezende e Neide Medeiros.

Na mesa que a escritora vai integrar, a discussão, segundo a mesma fonte, foca no papel da educação num contexto descolonial, onde se busca a libertação dos povos e o fortalecimento de suas próprias narrativas e culturas.

“A educação é mesmo o pilar fundamental para um futuro descolonizado. Porque é através da educação que conseguimos ajudar a criar nas crianças e nos jovens um espírito crítico em relação a tudo o que existe na nossa sociedade, e a criação do espírito crítico depois permite-lhes poderem fazer as suas escolhas”, realçou a escritora cabo-verdiana.

Sobre este tema, Vera Duarte defende que a educação tem quatro momentos, o primeiro é a socialização da criança, o segundo criação de habilidades e talentos, o terceiro é a formação de um espírito crítico, de uma consciência crítica, e o quarto o momento de fazer as escolhas, “que o cidadão possa fazer as escolhas mais acertadas”.

A escritora afirmou ainda que quando exerceu a função de ministra da Educação e do Ensino Superior, uma das maiores felicidades que teve foi a introdução no currículo escolar da disciplina “Educação para a cidadania”.

Racismo e sexismo, segundo a entrevista divulgada no site do Governo Paraíba, vão ser também destacados pela escritora, que considera serem aspectos extraordinários na obra de Luís Vaz de Camões que podem e devem passar a constar nos manuais do ensino básico.

“A questão do racismo e tudo o que Camões nos trouxe com aquele poema ‘Endechas a Bárbara escrava’, que no momento em que o cânone de beleza era a mulher loura e branca, Camões exalta a mulher negra, ainda por cima escrava”, explicou.

O segundo aspecto, apontado pela escritora, remota à época em que as mulheres eram “absolutamente invisíveis” e não tinham qualquer tipo de protagonismo por causa de “todo o tradicionalismo e o patriarcalismo”, tendo o Camões, em Os Lusíadas, no ‘Canto nono’, trazido um “exemplo magnífico” de protagonismo de mulheres.

Sobre o FliParaíba, Vera Duarte disse que a realização desta primeira edição do Festival em João Pessoa é uma imagem “muito bonita a essa situação do finisterra que tanto sublinharam.

Quer dizer, assinalou, é onde termina um mundo conhecido e começa um mundo que” nós queremos construir sobre as bases de tudo o que nós podemos encontrar e descobrir em Luís Vaz de Camões”, nomeadamente essas dez ideias que “devem ser precursoras”.

Durante o evento, Vera Duarte vai lançar o livro Blimundo, o boi que mexeu com o universo, um conto infanto-juvenil que foi ilustrado e publicado pela editora Nandyala, de Minas Gerais.

“O livro é uma homenagem ao centenário do nosso herói e fundador da nacionalidade cabo-verdiana e guineense, Amílcar Cabral”, disse.

FliParaíba tem como objetivo promover a literatura paraibana, o intercâmbio entre escritores do Brasil com outros de países lusófonos, além de estimular nos jovens o hábito da leitura e da produção literária.

Para a realização do Festival conta com a parceria da Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA).

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