
Cidade da Praia, 21 Nov (Inforpress) - Angola continua a gerir os impactos de quase três décadas de conflito armado, 50 anos após a independência, reconheceu hoje o embaixador angolano em Cabo Verde, realçando que o país segue “intenso processo de reconstrução e desminagem”.
Em entrevista à Inforpress, Agostinho Tavares recordou que a independência, proclamada no dia 11 de Novembro de 1975, foi antecedida por “mais de 14 anos de luta contra o colonialismo português”, seguindo-se uma guerra interna que se prolongou até 2002, quase três décadas de confrontos entre angolanos.
“A guerra é um período, um percurso que dificulta o desenvolvimento do país. Imagina que tivemos escolas, hospitais, estradas, pontes destruídas pela guerra, isso fez com que os angolanos sofressem mais”, afirmou o diplomata, asseverando que foi um período que “destruiu por completo Angola”.
Segundo Agostinho Tavares, os 50 anos de independência representam um percurso marcado por “muita luta, sacrifício e destruição”, e apesar da conquista da paz em 2002, as consequências continuam visíveis na vida das populações e na capacidade de Angola reconstruir as suas infra-estruturas.
“Tivemos vários campos minados. Era impossível desenvolver a agricultura porque os campos estavam minados, era impossível fazer obras habitacionais, hospitais e escolas”, lamentou, avançando que ainda hoje existem crianças fora do sistema de ensino.
Segundo o diplomata, o legado de minas terrestres espalhadas pelas regiões, continua a limitar actividades agrícolas, defendendo que a reconstrução nacional ainda é um processo exigente e inacabado.
“É preciso desminar primeiro para poder semear e construir”, acrescentou, recordando o apoio de vários países durante o período de luta pela independência, destacando a solidariedade de Cuba, cujo envolvimento militar resultou também em perdas humanas.
Na fase de reconstrução, lamentou que as promessas internacionais de ajuda pós-guerra não tenham sido concretizadas, obrigando o país a recorrer a linhas de AApontes, hospitais, escolas e habitações.
Com cerca de 35 milhões de habitantes e 21 províncias, o embaixador frisou que Angola está actualmente focado em diversificar a sua economia, reduzindo a dependência do petróleo e dos diamantes.
“Temos que ir para o turismo, para a agricultura, esta é a nossa luta neste momento, é a nossa visão para poder desenvolver o país”, afirmou, admitindo que o processo de reconstrução “ainda está longe de terminar”.
O embaixador de Angola em Cabo Verde ressaltou a “irmandade histórica” que une os dois países, sublinhando que ambos partilham percursos semelhantes na luta pela independência e que, de entre os Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP), Angola e Cabo Verde são os que estão “mais ligados”.
O diplomata adiantou ainda que embora Angola tenha enfrentado um processo mais longo e violento, Cabo Verde desempenhou um papel relevante na história angolana, servindo de destino de deportação para vários angolanos perseguidos pelo regime colonial português, como os muitos militantes angolanos foram enviados para o Campo de Concentração do Tarrafal.
LT/AA
Inforpress/Fim
Partilhar