Lisboa, 27 Mar (Inforpress) – A cabo-verdiana Maria Andrade, mais conhecida por Milocas, é uma figura conhecida no cenário gastronómico de Lisboa, onde seu talento na cozinha e sua dedicação à arte culinária conquistaram o coração de muitos.
Em declarações à Inforpress, em Lisboa, no âmbito do Dia da Mulher Cabo-verdiana, hoje comemorado, Milocas, uma “menina do Bairro Craveiro Lopes”, na cidade da Praia, e filha do músico Manuel Clarinete e Laurinha, partilhou sua jornada que começou em Cabo Verde até se estabelecer como uma “chef reconhecida” na capital portuguesa.
“O Dia de Mulher Cabo-verdiana, sem dúvida, é todos os dias, porque todos os dias nós lutamos. Desde que nos levantamos, falando por mim e por muitas que eu vejo, nós lutamos diariamente. Saímos de manhã e voltamos para casa à noite. A vida de estrangeiro não é fácil, mas temos que lutar com a nossa dignidade e isso é que é mais importante para mim. Orgulho-me da mulher cabo-verdiana”, afirmou.
Com raízes em uma família tradicional, Maria Andrade descobriu sua paixão pela culinária desde tenra idade, sempre solicitando a oportunidade de cozinhar em casa, até que a sua determinação a levou a buscar educação formal na área, realizando um curso de restauração no Hotel Praiamar, em cooperação com a França, aos 17 anos.
Após sua formação, Milocas começou sua carreira na Embaixada da França, na capital cabo-verdiana, e, mais tarde, trabalhou no Hotel Marisol, na Gamboa, antes de se estabelecer em Portugal em 1980, aos 20 anos, depois de uma passagem por Paris.
“A culinária é uma forma de também divulgar a nossa cultura”, considerou a cabo-verdiana que a sua jornada em Lisboa inclui passagens pela Associação Caboverdeana (ACV) e pelo Ritz Club, onde dedicou mais de uma década de sua vida à culinária.
No entanto, a vida noturna e os horários exigentes a levaram a buscar um novo rumo, levando-a a inaugurar seu próprio estabelecimento, o Café da Ponta, na Doca de Santa Maria.
Após experiências em vários locais, incluindo o Miradouro de Santa Luzia, Milocas finalmente estabeleceu seu restaurante, o “By Milocas”, no Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), com o endereço Rua de São Bento 640, Lisboa.
No “By Milocas”, Maria oferece uma fusão “deliciosa” da culinária cabo-verdiana e também uma fusão com a portuguesa, apresentando pratos autênticos como cachupa, polvo com batata doce, e bife de atum, bem como uma “atmosfera acolhedora” que reflecte sua paixão pela cultura cabo-verdiana.
Milocas deixou um conselho para todas as mulheres cabo-verdianas, dentro e fora de Cabo Verde, incentivando-as a buscar educação, investir em si mesmas e sempre trabalhar com dignidade, lembrando-as de que a luta é fundamental para alcançar o sucesso em qualquer empreendimento.
“Tentem que conseguem, de um jeito ou de outro, nós seguimos o nosso caminho, nós levamos Cabo Verde para a frente e todo o trabalho que nós fazemos para o cabo verde, é com dignidade. Muita honra à mulher cabo-verdiana, muita honra à mulher batalhadora, à mulher que luta”, frisou.
O Dia da Mulher Cabo-verdiana é celebrado a 27 de Março tendo em vista a promoção do bem-estar social, económico e cultural da mulher.
A meta maior é a protecção das famílias e da sociedade cabo-verdiana em geral, através da defesa e promoção dos direitos da mulher.
A data coincide com a da fundação da Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) há 43 anos.
DR/AA
Inforpress/Fim
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