Crónica de Viagem: China uma lição de longevidade cultural lembra que por trás da superpotência tecnológica reside uma memória histórica inabalável

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Crónica de Viagem: China uma lição de longevidade cultural lembra que por trás da superpotência tecnológica reside uma memória histórica inabalável
06/11/25 - 02:54 pm

*** Sandra Custódio, da Agência Inforpress ***

Cidade da Praia, 06 Nov (Inforpress) - Viajar para a China, a partir de Cabo Verde, é uma jornada longa e cansativa, mas vale a pena conhecer aquele país, uma potência em infra-estruturas e tecnologia que ambiciona modernização, bem-estar do povo e promoção da paz.

À meia-noite do passado dia 12 de Outubro, oito jornalistas cabo-verdianos, sendo   da Agência de Notícias de Cabo Verde, (Inforpress) e da Rádio Televisão Cabo-verdiana (RTC), rumavam ao Aeroporto Internacional Nelson Mandela, na Praia, para seguir viagem à República Popular da China.

Uma viagem longa e cansativa, 23 horas de voo, tendo o grupo feito escala em Casablanca (Marrocos) e Dubai, expectante para conhecer lugares diferentes, experiências inimagináveis, compartilhar momentos e se calhar mudar a forma como viamos a China, o que realmente aconteceu, a avaliar pelos comentários e observações deslumbrantes.

Ali iriam também juntar-se a outros jornalistas e profissionais de Angola, São Tomé e Príncipe e Brasil, para participar no Seminário sobre Desenvolvimento e Cooperação de Média em Países de Língua Portuguesa (CPLP), promovido pelo Ministério do Comércio da República Popular da China, para troca de experiências e debates, aprofundar a amizade e fomentar a cooperação entre China e os países em desenvolvimento nos domínios dos média e outras áreas, através de palestras e debate temáticos.

O seminário foi um meio para entender como essa visão macro se traduz em políticas de média e cooperação internacional, pois, as palestras e debates para ilustrar essa modernização e força tecnológica, permitiram vislumbrar a rapidez com que o país desenvolve e implementa novas tecnologias.

O significado mundial da modernização ao estilo chinês, Iniciativa “Cinturão e Rota” e cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Conceitos e práticas da China na cooperação internacional, Visão Geral das condições nacionais e do sistema político fundamental da China, Cultura tradicional chinesa e divulgação internacional da civilização chinesa, Políticas de alívio da pobreza e experiências práticas na erradicação da pobreza da Chin, foram alguns dos temas dados a conhecer.

Ainda, o programa desses 22 dias naquele país asiático, foi igualmente oportunidade para os profissionais dos média se apreenderem da Prática de Reportagem em língua portuguesa do Grupo de Média da China (CMG) e cooperação mediática com Países de Língua Portuguesa, Desenvolvimento e inovação na reportagem em português em nova média da China, entre outras temáticas.

As discussões no seminário reflectiram a velocidade do país, de como a nação canaliza a sua potência tecnológica para a modernização.

Caso para dizer que se a China, hoje, é o epicentro de uma transformação global, é porque se consolidou como uma potência incontestável em infra-estruturas e tecnologia.

Além das palestras, em Pequim, os visitantes tiveram também oportunidade de conhecer outras cidades, nomeadamente de Luoyang, na província de Henan, que leva cerca de três horas de “Trem Bala”, trem de alta velocidade, cidade antiga de Luoyi, onde experimentaram o encanto da civilização antiga chinesa.

Estivemos no Parque de Cultura do Palácio de Sangyang para conhecer a transmissão do património cultural imaterial e o desenvolvimento inovador, o Templo do Céu, entre outras naturezas transformadoras e surpreendentes.

As Grutas de Longmen, o Templo Shaolin, o Museu da Cultura Yangchao, o Museu de Henan, a barragem de Sanmenxia, foram entre outros espaços, alguns pontos turísticos palmilhados.

A cidade de Luoyang, berço de civilizações, reserva um dos seus maiores tesouros nas margens escarpadas do Rio Yishui.

É ali que se encontram as Grutas de Longmen, entre duas montanhas, separadas pelo Rio Yishui, a 13 quilómetros ao sul da cidade de Luoyang, com cerca de 2 345 cavernas que se estendem por um quilómetro, um santuário de fé e arte com mais de 100 mil estátuas budistas escavadas na rocha, ao longo de quatro séculos.

Percorrer este desfiladeiro é sentir a história não apenas como uma linha do tempo, mas como algo tangível e imenso.

Do minúsculo Buda, com poucos centímetros, à majestade colossal do Buda Vairocana, o Buda do Centro, entre os cinco budas da meditação, com mais de 17 metros, esta paisagem é o testemunho silencioso do poder espiritual que moldou o Império do Meio.

É uma lição de longevidade cultural que nos lembra que, por trás da superpotência tecnológica, reside uma memória histórica inabalável.

Também, ao visitar o Templo Shaolin, por exemplo, percebemos que, por detrás da corrida pela modernidade e do estatuto de potência tecnológica, subsiste uma cultura milenar que valoriza a disciplina e, acima de tudo, a harmonia.

A promoção da paz, que a China tanto defende, encontra as suas raízes não só na diplomacia, mas também no seu património mais profundo.

Entretanto, a nossa viagem a Pequim, no âmbito do Seminário sobre Desenvolvimento e Cooperação de Média, não foi apenas um intercâmbio profissional, foi um mergulho na ambição chinesa de se transformar num país cada vez mais modernizado, avançado e poderoso, mas que, simultaneamente, se declara preocupado com o bem-estar do seu povo e a promoção da paz.

É uma China que não para. Esta viagem permitiu, de facto, testemunhar uma nação em rápido desenvolvimento que, na sua estratégia de modernização, busca construir um futuro que beneficie a si mesma e aos seus parceiros, como os países de língua portuguesa, sempre sob a égide da não-interferência e da cooperação.

Deixamos a China com a sensação de termos testemunhado uma nação que, de forma única, utiliza a sua História como propulsor para a modernidade.

O Seminário foi uma escola de ambição e de velocidade, ensinando-nos que a cooperação passa pela compreensão de um ecossistema de desenvolvimento colossal.

A potência em infra-estruturas e tecnologia que vimos nas apresentações e nas autoestradas que nos transportaram é o meio para o objectivo maior que a China declara: o bem-estar do seu povo e a promoção da paz mundial, como preconiza o presidente Xi Jinping. 

SC/ZS

Inforpress/Fim

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