*** Por Américo Antunes, da Agência Inforpress ***
Mindelo, 12 Fev (Inforpress) – O desafio da autonomia da Comunidade Terapêutica da Ribeira de Vinha passa pela contínua necessidade de equipar a estrutura, aproximar as famílias dos residentes e a sociedade da comunidade, edificar uma dessalinizadora e reforçar a estrutura de segurança.
A análise é do director da comunidade que, na próxima sexta-feira, 16, celebra o primeiro ano de funcionamento.
Questionado sobre os desafios de futuro da Comunidade Terapêutica da Ribeira de Vinha, Celso Monteiro assinalou em primeiro lugar a necessidade de uma aposta contínua no equipamento da estrutura, nas várias vertentes, mas também o envolvimento da família do residente e da sociedade para ajudar no trabalho de desmistificação do que é uma comunidade terapêutica e o que é um dependente químico.
Aliás, lembrou, é “muito importante” que a sociedade tenha um olhar “mais humanizador, humanizante” sobre essa doença e que perceba que qualquer um, em qualquer idade, pode vir a ficar dependente de uma substância ou de outra, porque há um coquetel de factores que intervêm, que fazem com que uma pessoa fique toxicodependente e que outra pessoa, apesar de usar, não fique.
“Portanto, nem todas as pessoas são iguais e pode acontecer com qualquer pessoa que, às vezes, pode consumir de uma forma social e de uma forma inocente e quando se dá por ela, já está bem doente, ou seja, já está mesmo num processo de compulsão, de uso compulsivo da substância”, alertou.
Um outro desafio rumo à autonomia da comunidade passa pela edificação de uma dessalinizadora, pois, actualmente, a Comunidade Terapêutica da Ribeira de Vinha depende da água auto transportada, o que “onera bastante” o seu orçamento.
“Temos a água salobra e com essa água dessalinizada conseguiríamos ter água para satisfazer todas as demandas da comunidade e também uma ocupação terapêutica mais abrangente, com produção de hortícolas e outras, para os utentes do ponto de vista alimentar”, perspectivou, uma ocupação terapêutica maior, continuou, porque os residentes teriam mais para fazer, havendo ainda a relação do crescimento da planta, o efeito que traz na pessoa, o cuidar de um outro ser.
Sem contar, enumerou, a mais-valia que é um residente sair da comunidade no fim do tratamento sabendo trabalhar nesta área e com a valência de um aprendizado.
Um outro desafio prende-se com a aposta em trazer mais recursos humanos para comunidade, mas neste aspecto Celso Monteiro anunciou que ainda este ano vai entrar mais pessoal, nomeadamente um psicólogo e um conselheiro, tendo em conta o número de processos que está a entrar e a “forte demanda” que existe.
Actualmente a capacidade de acolhimento é de 26 residentes, mas com a chegada “em breve” de algum mobiliário a comunidade passará a ter capacidade máxima para acolher 40 residentes, dos quais 30 do sexo masculino e dez do sexo feminino.
“A visão que temos aqui na comunidade é da pessoa que está doente e não da doença que está na pessoa, tratamos o ser humano”, finalizou Celso Monteiro.
A Comunidade Terapêutica da Ribeira de Vinha representa um investimento do Governo, de mais de 125 milhões de escudos, financiado pelo Fundo do Kuwait, para dar resposta a toda região do Barlavento em matéria de tratamento das toxicodependências, mais concretamente, em regime de internamento.
AA/HF
Inforpress/Fim
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