***Por Américo Antunes, da Agência Inforpress***
Mindelo, 13 Out (Inforpress) – O mês de Outubro entra para a história do futebol cabo-verdiano como aquele que marca as primeiras qualificações de sempre do arquipélago, em 2012 para o Campeonato de África das Nações (CAN), agora em 2025 para o Mundial.
Para aqueles menos dados a devorar toda a matéria informativa do desporto-rei, recordamos que foi no dia 14 de Outubro de 2012 que Cabo Verde alcançou a primeira qualificação da sua história para um CAN.
Era uma tarde de domingo, chuvosa, em Yaoundé, nos Camarões, com o Estádio Ahmadou Ahidou a apresentar uma moldura com mais de 60 mil almas.
Mas nunca, nunca, uma derrota (1-2), com golo cabo-verdiano apontado por Heldon, de livre directo, foi tão festejada aos nossos olhos.
Até o Salmos 23, com a sua famosa frase de abertura “o Senhor é meu pastor e nada me faltará”, evocamos no decorrer do jogo, na cabine de imprensa, ao lado do Moisés Évora, nome de profeta, e claramente a voz da rádio mais ligada aos grandes momentos do desporto cabo-verdiano.
Mas hoje, a um dia de se completar 13 anos da primeira qualificação para um CAN, vénia para a conquista maior, ou seja, o dia em que a selecção nacional garantiu a presença no primeiro Mundial de Futebol da sua história.
Um feito que é o culminar de sacrifícios feitos por várias gerações, de dirigentes a futebolistas, numa pegada deixada para as que vierem a seguir, até a inédita qualificação.
Porque, quando se concretiza um sonho colectivo é o “nós” que reina e, hoje, no Estádio Nacional, diante do Essuatíni, o povo das ilhas disse presente e, no regresso à casa, leva no pensamento a frase que não se cala: “sim, os cabo-verdianos vão jogar no campeonato do Mundo”.
O país parou para ver ao vivo e via televisão o jogo frente a Essuatini, mas, a entrada da selecção, na primeira parte, rendeu muito em ansiedade e precipitação, zero em golos, apesar de várias tentativas para furar a muralha defensiva da Essuatíni.
Veio a segunda parte e só bastaram seis minutos para Daylon Livramento, primeiro, aos 48, e Willy Semedo, aos 54, deitar a baixo, diria em simultâneo, a muralha da Essuatíni e as bancadas do Estádio Nacional.
E ainda deu para o veterano Stopira, aos 90+01 minutos, sair do banco de suplentes e inscrever o seu nome no resultado final, ao apontar o golo do 3-0, e na história do jogo da vida de todos os cabo-verdianos.
E, sim, a selecção nacional junta-se às 48 nações que vão disputar o Mundial’2026, já descrito como “o maior de sempre”, e, proeza maior, entre os participantes de todas as edições, apenas Islândia tem uma população mais reduzida do que Cabo Verde.
Em suma, a crença deste grupo de trabalho foi tanta que chegou à história e o futuro agora é dele: Estados Unidos, Canadá e México cuidado, tubarões já fazem as malas.
AA/ZS
Inforpress/Fim
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