Cidade da Praia, 08 Set (Inforpress) – O carateca cabo-verdiano Anilton Varela, campeão francês de “krava magá” em Fevereiro, Estrasburgo, está de férias em Cabo Verde e revela que persegue novos objectivos competitivos internacionais, visando títulos europeus e mundiais.
O atleta, que conquistou o título francês na categoria +89 quilogramas, admitiu à Inforpress que alcançar esse feito exigiu “muita entrega e sacrifícios”, conciliando o trabalho, a família e a intensa rotina de treinos.
“Às vezes sacrifica-se a família e o tempo que poderia dar em casa não se consegue dar, mas graças a Deus fomos campeões”, reconheceu.
Anilton Varela, que iniciou a prática das artes marciais aos seis anos no Centro Cabo-verdiano de Karaté, sob orientação do sensei Narciso Mascarenhas, e só começou a competir entre os 17 e os 18 anos de idade, recordou que este foi “não só instrutor, mas também um pai”.
Posteriormente, integrou a selecção nacional, competiu em vários países africanos e, já na Europa, retomou os treinos com o sensei Filinto Moniz, que o incentivou a persistir.
Embora tenha paixão por diferentes modalidades, foi no krava magá que encontrou espaço competitivo, aproveitando, segundo explicou, uma oportunidade que surgiu no momento certo.
Actualmente, não vive exclusivamente das artes marciais, mas garantiu que esse é o seu grande objectivo.
Entre as dificuldades enfrentadas, destacou a falta de patrocínios e os preconceitos raciais.
“Às vezes somos subestimados pela cor da pele (…), veem a cor e não a capacidade. Mas não me deixo diminuir, sinto-me maior. Foi sempre com o apoio da minha esposa que consegui avançar”, afirmou.
O atleta revelou que mantém uma rotina de treinos exigente, conciliando horários de trabalho e família.
“É preciso muito amor e ter uma família que acompanha. Somos uma equipa”, frisou.
Sobre o significado de vencer fora do país, o atleta respondeu com emoção “é uma satisfação enorme, não só para mim, mas para Cabo Verde”, e acredita que o seu percurso já inspira outros jovens, tanto na Europa como no seu país de origem, a aderirem às artes marciais.
Durante as férias em Cabo Verde, não descarta a possibilidade de colaborar com escolas locais de krava magá.
“Estamos a ver em que dia vamos fazer um trabalho”, adiantou.
Com metas bem traçadas, Varela prepara-se agora para o Campeonato da Europa e aponta já para o título mundial.
“Treinar e focar todos os dias é o caminho”, reforçou, admitindo que dentro de cinco anos se imagina tanto a competir como a ensinar.
O campeão entende que, para a modalidade ganhar visibilidade em Cabo Verde, é necessário maior apoio institucional.
Defendeu a criação de uma federação nacional e sublinhou que “se o Governo apostar nos jovens e der melhores condições, o país só tem a crescer”.
KF/LC
Inforpress/Fim
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