
Mindelo, 05 Nov (Inforpress) – O presidente da Associação dos Armadores de Pesca de Cabo Verde (Apesc) defendeu hoje, no Mindelo, que as políticas das pescas têm sido impostas, mas agora os intervenientes querem trabalhar da base para o topo.
Suzano Vicente mostrou essa percepção à imprensa na abertura do primeiro Congresso Nacional dos Sector das Pescas e Aquacultura, que acontece, no Mindelo, até quinta-feira, 05, enquadrado nas actividades da Semana dos Oceanos de Cabo Verde (Cabo Verde Ocean Week).
Um dos objectivos do evento, segundo a mesma fonte, é recolher subsídios que depois vão ser compilados em contribuições estratégicas para o executivo, entretanto, um documento, que, asseverou, vai ser formalizado começando da base.
“As políticas do sector das pescas têm sido impostas, ao longo destes tempos, do topo para a base, mas nós queremos trabalhar agora da base para o topo”, enfatizou Suzano Vicente, para quem pesquisas “não foram feitas e nunca se ouviu concretamente a parte interessada”, os actores do sector.
Por isso, acrescentou, vão entregar às autoridades as contribuições dos pescadores, dos armadores, das peixeiras, dos técnicos, das universidades.
“Aquilo que é o pulsar, aquilo que é o sentimento, aquilo que é a percepção que nós temos do sector das pescas, porque somos nós que vivenciamos isto”, considerou.
Com este documento em mãos, os políticos, conforme o presidente da Apesc, terão o “dever moral” de levar em consideração essas contribuições.
Uma das primeiras recomendações deixadas por Suzano Vicente é de se melhorar as condições para o aumento da captura e libertar parte do mar territorial e das águas arquipelágicas, para a pesca artesanal e para a pesca de pequena escala.
Por outro lado, adiantou, contribuir para que o país esteja dotado de navios industriais capazes de pescar lá onde os navios da União Europeia, os chineses e outros navios pescam.
Também como interveniente no acto de abertura do congresso, o director nacional das Pescas e Aquacultura, Carlos Monteiro, defendeu igualmente que a pesca artesanal “precisa inovar, modernizar para ser mais eficiente e competitiva, utilizando novas artes de pesca e explorar recursos de profundidade”.
Na pesca industrial, apontou a mesma fonte, a modernização das infra-estruturas e da própria frota, com embarcações de maior autonomia e eficiência, são os maiores desafios.
“Não há desenvolvimento sem infra-estruturas de apoio e só assim poderemos aumentar consideravelmente a capacidade de captura e abastecer as necessidades das indústrias de transformação”, considerou Carlos Monteiro.
Já a nível da aquacultura e da economia azul, os resultados já são conhecidos e “são muito positivos para aumentar a diversificação”, afiançou o gestor, que apontou como exemplos a Fazenda do Camarão e o Nortuna.
Contudo, acredita que o congresso é uma oportunidade de diálogo e de busca de novas soluções.
LN/ZS
Inforpress/Fim
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