
Cidade da Praia, 05 Nov (Inforpress) – A presidente da ACACV, Cândida Barros, afirmou hoje, na Praia, que o cinema cabo-verdiano enfrenta dificuldades desde 2020, devido à suspensão da cópia privada, mas assegurou que se está a trabalha para reerguer o sector, priorizando uma escola técnica.
Em declarações à Inforpress, por ocasião do Dia Mundial do Cinema hoje assinalado, a presidente da Associação do Cinema e Audiovisual de Cabo Verde (ACACV) explicou que o sector “tem vivido praticamente de nada” após a criação da NUNAC, entidade que deveria gerir a cópia privada, mas que não chegou a funcionar.
“O cinema ficou praticamente fechado, porque não tem como funcionar sem a cópia privada, que é a base da sustentabilidade do sector”, sublinhou.
Segundo Cândida Barros, a pandemia de Covid-19 agravou a situação e, desde então, o cinema cabo-verdiano não tem tido recursos para produzir nem realizar actividades regulares.
“O antigo presidente, Júlio Silvão, ainda tentou recuperar a cópia privada, mas não conseguiu”, lamentou.
A nova direcção da ACACV, que tomou posse em Junho deste ano, já apresentou o seu plano de trabalho ao Ministério da Cultura e pretende, nos próximos quatro anos, priorizar a criação de uma escola técnica de cinema.
“Queremos ter uma formação básica em cinema e produção audiovisual. Já temos uma sala montada, mas sem verbas e parcerias vai ser difícil avançar, porque o cinema não funciona no vazio, tem custos”, explicou.
A presidente destacou que a associação está a trabalhar para garantir a sustentabilidade da futura escola, junto de entidades parceiras como o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), com vista à criação de cursos de curta duração nas áreas de roteiro, escrita criativa e produção.
“Não queremos só sonhar, queremos trabalhar. É para isso que concorremos: para trazer de volta a vida do cinema cabo-verdiano e criar oportunidades para jovens que queiram ser produtores e realizadores”, frisou.
Sobre a cópia privada, Cândida Barros revelou que já houve um encontro com o ministro da Cultura, Augusto Veiga, que manifestou abertura em apoiar o sector.
A dirigente disse ainda que a associação está a negociar parcerias com outras instituições, como a Universidade Jean Piaget, o Ministério do Ambiente e o Ministério do Turismo, para desenvolver projectos ligados à sustentabilidade e à educação ambiental.
Outro dos desafios da ACACV, segundo Cândida Barros, é a fraca participação dos associados.
“Temos cerca de 140 sócios, mas poucos aparecem. Todos querem apoio da associação, mas ninguém paga as cotas. Nem conseguimos garantir o básico, como internet, luz e água”, lamentou, defendendo que o cumprimento das obrigações é essencial para o funcionamento da associação.
Cândida Barros revelou também que a ACACV pretende desenvolver, com a Câmara Municipal da Praia, um programa de exibições e oficinas de cinema nos bairros.
“Queremos levar filmes educativos e de sensibilização, aliados a workshops que abordem a realidade de cada bairro”, explicou, acrescentando que esta é uma das acções previstas no programa de actuação do actual mandato.
TC/JMV
Inforpress/Fim
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