Homenagem: Escritor e editor propõe rua com o nome de Zeca de Nha Reinalda

Inicio | Cultura
Homenagem: Escritor e editor propõe rua com o nome de Zeca de Nha Reinalda
27/12/25 - 02:09 pm

Cidade da Praia, 27 Dez (Inforpress) – O escritor e editor Filinto Elísio propôs hoje, com o objectivo de reconhecer e homenagear a vida de Zeca de Nha Reinalda, que umas das ruas da cidade da Praia tenha o nome do artista.

“Zeca, olhando para os discos e outros registos que guardo como relíquias, merece ser 'imortalizado' com nome de rua, de praça ou de equipamento público importante, ou mesmo ter um busto na minha cidade, senão mesmo no meu país”, escreveu o escritor na sua página pessoal de Facebook, saudando os 50 anos de carreira musical do cantor, compositor e vocalista do grupo Bulimundo, na sua primeira formação.

Referindo-se ao “intérprete marcante e destacado” do panorama artístico cabo-verdiano desde a independência nacional, em 1975, Filinto Elísio estende o apelo ao também irmão Zezé di nha Reinalda.

“Enquanto modelo da música que canta as nossas almas, estes dois ombreiam com os maiores músicos que fazem de Cabo Verde um País da música”, vincou o escritor.

O músico, nascido na cidade da Praia em 1956, subiu na sexta-feira ao palco da Assembleia Nacional, na capital, para um espetáculo especial que assinalou os seus 50 anos de carreira artística, numa celebração da música tradicional e do legado do funaná.

 

Referindo-se ao concerto de ontem, o Presidente da República, José Maria Neves, escreveu que “o país - as ilhas e a diáspora - parou para ouvir o Rei do Funaná”, Zeca di Nha Reinalda. 

“Foram mais de três horas de um espetáculo intenso, emotivo e, a todos os títulos, histórico.  Para comemorar os 50 anos de Carreira, Zeca brindou-nos com músicas que, em finais de 70 e décadas seguintes, arrepiaram os cabo-verdianos. Contou a história das ilhas, nas últimas décadas, e como trouxe para a ribalta Codé di Dona ou Sema Lopi. Quem não se lembra de Dumingu Denxu ou Tó Martins ou Fomi 47?”, enalteceu o chefe de Estado, 

José Maria Neves considera que Zeca é uma referência para todos, inspirando “uma geração inteira ao trazer para a Cidade o Funaná, rompendo barreiras mentais impostas pela dominação colonial. Foi uma revolução: de ideias, de estilos de vida, de atitudes, de comportamentos”. 

“Mais tarde, no Finason, Zeca e Zezé di Nha REInalda fermentaram outras mudanças sociais e políticas. Cabo Verde tornou-se democrático e o apelo foi deixar cada um ‘vivi di si manera´, lembrou Neves, sublinhando que “50 Anos depois, quando muitos polarizam e dividem, o grande Zeca une”. 

O artista apresentou ao público, em Março desde ano, o álbum “Zeca Nha Reinalda – 50 Anos de Carreira”, que simboliza a generosidade artística do cantor, que continua a partilhar a sua herança musical com o mundo. 

Desde os primeiros passos na música, Zeca Nha Reinalda encontrou inspiração nos grandes nomes da Soul, influência que moldou a sua identidade artística. A sua trajectória começou no grupo Voz D'Africa e ganhou maior projecção com a formação Opus 7.

No entanto, foi com o lendário grupo Bulimundo que Zeca se consolidou como uma das figuras mais marcantes da música cabo-verdiana. Com a sua voz inconfundível, foi peça-chave na revolução do Funaná, ajudando a levar o género além das fronteiras de Cabo Verde.

Após os Bulimundo, Zeca integrou o grupo Finaçon, ao lado do irmão Zezé di Nha Reinalda, continuando a contribuir para a valorização da identidade musical cabo-verdiana. Mais tarde, seguiu carreira a solo, aprofundando ainda mais a sua arte e colaborando com novas gerações de músicos.

JMV/TC/JMV

Inforpress/fim

Partilhar