
Cidade da Praia, 01 Dez (Inforpress) – A primeira edição do Festival Internacional das Africanidades, da Krioulidade e das Cidades Afro-Krioulas (FIACK) arrancou hoje, na Cidade Velha, defendendo a criação de uma rede mundial de cidades com herança africana comum e a valorização da identidade cultural crioula.
O coordenador do FIACK, Nardi Sousa, afirmou na cerimónia de abertura que o festival pretende ligar mais de 50 cidades do mundo que partilham uma história marcada pelo comércio triangular e pela diáspora africana, promovendo novas conexões culturais, académicas e criativas.
“Queremos celebrar a contribuição africana para o mundo na ciência, arquitetura, gastronomia, línguas, artes e património cultural. Ao conectar Praia e Cidade Velha com outras cidades crioulas, pretendemos criar um espaço de diálogo e cooperação para a inovação e a cultura”, afirmou.
Segundo Nardi Sousa, o FIACK é um projecto estruturado desde 2008 e reflecte a necessidade de reposicionar Cabo Verde como centro cultural no Atlântico, num mundo marcado por tensões geopolíticas.
“A Cidade Velha tem uma potencialidade enorme que ainda não valorizamos plenamente. Cabo Verde pode desempenhar um papel de inspiração para o mundo, promovendo paz, inclusão, ambiente e uma revalorização da nossa herança africana e pan-africana”, acrescentou.
O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Augusto Veiga, que presidiu à cerimónia de abertura, destacou que o Governo pretende reforçar a diplomacia cultural para ampliar a presença de países e cidades afro-crioulas nas próximas edições do festival.
“Já mantemos relações diplomáticas com muitos desses países, mas queremos aprofundar essas ligações através do FIACK. Estamos a trabalhar com a organização para que, em 2026, possamos trazer para Cabo Verde mais cidades com influência africana e crioula”, declarou o ministro.
O governante recordou que Cabo Verde está actualmente representado por 29 artistas no Ecofest, no Senegal, um exemplo do reforço das relações culturais na sub-região. Para o FIACK, garantiu que o Estado continuará a apoiar o evento, apesar de ser uma iniciativa privada.
“Acreditamos na parceria público-privada e faremos tudo para que esta troca de experiências se consolide”, afirmou.
Entre os destaques da programação está o Festival Internacional de Literatura Afro-Crioula e Histórica, a 5 e 6 de Dezembro, na Cidade Velha, que contará com escritores imigrantes a apresentarem contos em línguas como yorubá, igbo, wolof, lingala, kikongo, bambará, fula e mandinga, idiomas que, segundo a organização, influenciaram a formação da língua cabo-verdiana.
O FIACK decorre de 1 a 7 de Dezembro, com actividades distribuídas entre a Cidade Velha e a cidade da Praia, incluindo performances artísticas, feira de artesanato, exposições, gastronomia, debates, torneios interculturais, momentos de reflexão e diversas iniciativas dedicadas à cultura africana e afro-diaspórica.
RL/JMV
Inforpress/Fim
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