
Cidade da Praia, 19 Nov (Inforpress) – A coordenadora da Organização das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela, disse hoje que a organização vive um dos momentos mais críticos da sua história, defendendo reformas estruturais “urgentes para manter a credibilidade num mundo em crise".
A responsável afirmou, no âmbito da conferência “80 anos da ONU – Balanço e Desafios”, que a organização enfrenta um dos períodos mais críticos da sua história e necessita de reformas urgentes para preservar credibilidade e eficácia num cenário global marcado por crises.
Segundo disse, o mundo de hoje é “mais fragmentado, mais desigual e mais vulnerável”, com o aumento de guerras, deslocamentos forçados, desastres climáticos e ameaças digitais, enquanto os recursos financeiros disponíveis para a cooperação internacional diminuem drasticamente.
Nesse contexto, defendeu que a ONU precisa tornar-se mais ágil, integrada e moderna, adoptando novas estratégias, simplificando estruturas e incorporando tecnologias como a inteligência artificial para reforçar resultados concretos junto dos Estados-membros.
Patrícia Portela realçou ainda que a reforma ONU´80 pretende reposicionar a organização no centro do multilateralismo, com maior eficiência operacional, melhor coordenação entre agências e maior foco no impacto no terreno.
“A ONU não pode responder a desafios do século XXI com ferramentas do século XX”, recomendou, sublinhando que a modernização é condição essencial para recuperar a confiança global.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, José Luís Livramento, afirmou que a sobrevivência e relevância da ONU dependem da capacidade de reinventar o Conselho de Segurança, cuja composição actual considera desajustada face ao equilíbrio de forças mundial.
Defendeu maior representatividade de África, América Latina e dos Pequenos Estados Insulares, argumentando que a estrutura vigente “reflecte um mundo de 1945 que já não existe”.
O ministro alertou ainda para uma crise de legitimidade multilateral e afirmou que “o futuro da ONU passa por um sistema internacional mais democrático, transparente e inclusivo”, onde os Estados pequenos tenham voz real na tomada de decisões estratégicas.
A presidente do Instituto Superior Ciência Jurídicas e Sociais (ISCJS), Yara Miranda, por sua vez, evidenciou a urgência de reformas estruturais na ONU, incluindo no Conselho de Segurança e no sistema de financiamento, para garantir que a organização esteja preparada para os desafios futuros.
Sublinhou ainda o papel de Cabo Verde na cooperação multilateral e a importância da academia na promoção do debate público.
As intervenções destacaram a urgência de renovar o multilateralismo e a cooperação internacional, para que os princípios da Carta da ONU – a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável, continuem a guiar o futuro.
KA/SR/JMV
Inforpress/Fim
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