Parlamento: “Crise energética no país não é um acidente é retrato de uma governação mal planeada” - PAICV

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Parlamento: “Crise energética no país não é um acidente é retrato de uma governação mal planeada” - PAICV
29/10/25 - 12:23 pm

Cidade da Praia, 29 Out (Inforpress) – O líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) disse hoje que a crise energética no país “não é um acidente, mas o retrato de uma governação mal planeada” que “não impõe responsabilização”.

Clóvis Silva discursava no debate mensal da segunda sessão ordinária do mês de Outubro, na Assembleia Nacional, sobre a “Sustentabilidade energética perspectivas e desafios para a reconstrução de um Cabo Verde para todos”, um tema proposto pelo grupo parlamentar do PAICV.

Segundo o parlamentar, a crise energética afecta “o coração da vida colectiva”, considerando a energia um “bem essencial” que alimenta as escolas, os hospitais, as fábricas, as famílias e a própria esperança do povo cabo-verdiano.

“Sem energia não há produção, saúde, educação, segurança e não há futuro nenhum”, realçou Clóvis Silva, acusando o primeiro-ministro, “que sabia há muito da gravidade” da situação da Central do Palmarejo, na cidade da Praia, e que “não fez nada”.

“Ele sabia da falta de peças, da dependência total de geradores a ficarem obsoletos, do atraso da manutenção preventiva, sabia e não fez nada. Não foi o país que falhou, foi o Governo deste país que falhou”, sustentou.

Lembrou que, em 2016, o PAICV entregou ao MpD uma Electra com capacidade de produção de energia igual ao dobro da necessidade de consumo da população da ilha de Santiago.

“O MpD não fez qualquer investimento, recusando-se a seguir a indicação de estudos efetuados. A situação atingiu um ponto crítico em que, para dar resposta à necessidade de consumo, deixou de haver um grupo de geradores parados. Quase todos tinham que trabalhar ao mesmo tempo e deixou de haver qualquer manutenção preventiva”, afirmou.

Com isto, continuou, aumentou a possibilidade de avarias, e se um grupo sofre alguma avaria há necessidade de corte imediato, destacando que a situação é de “geradores antigos, sobrecarregados e sem manutenção preventiva”, que têm de ser remendados quando param de funcionar.

Apontou que isto acontece devido a ausência de planificação, de manutenção preventiva e de investimento, ou seja, “má gestão”.

O líder parlamentar do PAICV lembrou ainda que o estudo técnico que sustenta esta análise, baseado em relatório da própria Electra e da ARME, estima que só no primeiro semestre de 2024, a crise energética provocou prejuízos directos e indiretos superiores a 10,5 mil milhões de escudos, o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

“Esta crise não é apenas de electricidade, é uma crise de confiança. O cidadão perdeu confiança na capacidade do Estado de garantir o mínimo essencial. As empresas perderam confiança no ambiente de investimento e os municípios perderam a confiança na coordenação nacional”, declarou.

O PAICV exige, por isso, “não só desculpas, mas decisões” e questiona o primeiro-ministro, quando é que será restabelecido o fornecimento estável de energia na ilha de Santiago, com prazos concretos e sem promessas vagas. 

DG/AA

Inforpress/Fim

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