Associação Comunitária de Eugénio Lima quer combater estigmas, promover inclusão e transformar o bairro com educação

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Associação Comunitária de Eugénio Lima quer combater estigmas, promover inclusão e transformar o bairro com educação
24/07/25 - 03:00 am

Cidade da Praia, 24 Jul (Inforpress) - A Associação Comunitária de Eugénio Lima, criada em 2019, surgiu do envolvimento de jovens nas festas da padroeira local e tem hoje como missão dinamizar o bairro, combater estigmas e desenvolver a comunidade através da educação. 

A presidente da associação, Ricardina da Veiga, explicou à Inforpress que tudo começou em 2015, com um grupo de jovens reunido para organizar actividades culturais e desportivas ligadas às festividades de Nossa Senhora de Fátima, padroeira do bairro.

“Conseguimos realizar torneios, desfiles de miss e mister, feiras de saúde e outras actividades”, recordou.

Após uma pausa em 2016, motivada pela saída de vários jovens e pela falta de disponibilidade de outros, a comunidade demonstrou interesse na continuidade do projecto. 

“Vimos que a comunidade gostou do nosso trabalho, então decidimos continuar com um grupo mais organizado, o que levou à oficialização da associação em 2019”, disse. 

Um dos primeiros grandes projectos da associação foi a campanha “Djuda um criança bai scola”, focada na recolha de materiais escolares e no acompanhamento educativo de crianças em situação de vulnerabilidade. Além disso, a associação dinamiza actividades com idosos, jovens e famílias, abrangendo diversas áreas como artes plásticas e apoio social.

Ricardina da Veiga referiu que o objectivo principal da associação é “dinamizar o bairro e mostrar outra versão de Eugénio Lima”, contrariando a imagem negativa muitas vezes associada à comunidade. 

“As pessoas só falam mal do bairro, mas ninguém conhece o potencial e as coisas boas que temos aqui”, lamentou.

Actualmente, a associação é parceira do projecto “Ami ê di Paz, y bô”, desenvolvido pelo Ministério da Justiça e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

A dirigente considerou essa participação “muito valiosa”, destacando que a associação ajuda a identificar e acompanhar jovens beneficiários, mesmo fora das sessões de formação.

“Ao evoluir este projecto, estamos a evoluir os nossos jovens e a nossa comunidade”, salientou.

Contudo, a associação enfrenta dificuldades logísticas, sobretudo em relação ao espaço físico. 

“Estávamos a funcionar num imóvel alugado por 20 mil escudos, sem contar com luz e água. Com os custos elevados, fechámos o espaço a 10 de Setembro”, informou. 

Desde então, lamentou que muitos projectos estejam suspensos, como aulas de artes plásticas, distribuição de refeições quentes para idosos e sessões de estudos acompanhado.

Apesar de estarem a usar um outro espaço, ainda por reabilitar, a situação tem travado as actividades regulares da associação.

Questionada sobre qual é a prioridade máxima neste momento, da Veiga afirmou que é a educação, entendida de forma transversal. 

“Educação na escola, na família e na sociedade, com ela conseguimos transformar outras áreas”, acrescentou.

Entre os principais ganhos e desafios, destacou o impacto positivo no acompanhamento de jovens e mulheres-chefes de família. Mesmo não sendo em grande número, a associação tem conseguido incluir e ajudar essas pessoas. 

Já o maior desafio é, segundo a responsável, obter o estatuto de utilidade pública, para conseguir garantir mais apoios e consolidar os projectos. 

“Com espaço próprio e esse estatuto, podemos transformar a nossa comunidade”, destacou.

Por fim, Ricardina deixou uma mensagem clara aos jovens, “somos nós que construímos a nossa comunidade. Não é o Governo, não é a Câmara, se estivermos calados, ninguém saberá o que falta. Somos nós que temos de lutar e colocar Eugénio lá em cima”, concluiu.

KF/SR/JMV

Inforpress/Fim

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