Cidade da Praia, 03 Jul (Inforpress) – O editor e apresentador Filinto Elísio afirmou hoje que o livro “Tradição e Novos Sabores” retrata a afirmação cultural, a história dos alimentos e o percurso dos pratos cabo-verdianos diferentes ilhas e diferentes formas de fazer as receitas.
Filinto Elísio fez estas afirmações à imprensa, à margem da cerimónia de apresentação da obra “Tradição e Novos Sabores” de Maria de Lourdes Chantre de 95 anos, na Semana Internacional da Gastronomia organizada pelo Ministério do Turismo, de 01 a 06 de Julho, na cidade da Praia.
“Dona Maria de Lourdes Chantre é a primeira gastrônoma cabo-verdiana, uma senhora hoje de 95 anos que tem a proeza de fazer pesquisas e recolha de um livro de 1158 páginas sobre a gastronomia cabo-verdiana dedicada à culinária e ela é a primeira que escreveu receitas sobre Cabo Verde”, referiu.
De acordo com o editor, o referido livro de receitas retrata um panorama sobre a gastronomia cabo-verdiana e vários aspectos da culinária de Cabo Verde como um elemento estruturante da cultura cabo-verdiana.
“Mas este livro é muito mais do que receitas, é um livro que olha para a história dos alimentos, para o percurso dos pratos cabo-verdianos de diferentes ilhas, diferentes modos de fazer e de facto é uma espécie de enciclopédia sobre a culinária cabo-verdiana”, declarou.
Filinto Elísio que é também escritor sublinhou a forma como Maria de Lourdes conseguiu descartar a sofisticação do fazer culinário cabo-verdiano que não se resume à confecção de alguns pratos do dia a dia como a cachupa, os molhos e a djagacida.
“Muito mais do que isso, acrescentou, a autora da “Tradição e Novos Sabores” se estratifica não só nos pratos fortes, mas também a panificação, e confeitaria cabo-verdiana, e a forma de apresentar os vários elementos que compõem as mesas cabo-verdianas.
“Não é o trabalho de uma cozinheira ou mesmo nem é o trabalho de uma chefe, é o trabalho de uma gastrônoma que olha pela essência dos alimentos e a forma e a afirmação cultural de um povo como falamos crioulo, como cantamos morna, batuco, funaná também temos uma forma crioula de cozinhar, de confeccionar”, retratou.
Filinto Elísio considerou ainda se tratar de um livro “complexo” que tem referências fundamentais para quem pretende ser um chefe de cozinha cabo-verdiano e quem quer pôr à mesa vai aprender a confeccionar pratos de cada ilha ou de cada região numa ilha.
“É um livro muito complexo porque é um livro de história, de antropologia cultural, de gastronomia e é um livro que também dialoga, convida vários poetas, várias figuras cabo-verdianas a falarem sobre alguns pratos que cá estão”, declarou.
Por seu turno, José Pedro Oliveira, o representante e sobrinho da escritora Maria de Lourdes Chantre que não pode estar presente na cerimónia de apresentação da referida obra, destacou a grandeza da obra e o seu contributo na valorização da gastronomia cabo-verdiana.
“Eu acompanhei o percurso da escrita dela, porque, não sei se sabem, ela é a precursora de tudo que se escreveu de gastronomia neste país. É a primeira. E agora nos traz uma obra magnífica. Não estou apreciando tecnicamente a obra, mas a sua estética, beleza, de tudo que representa a gastronomia de um povo crioulo, como é Cabo Verde”, afirmou.
Maria de Lourdes Chantre é pioneira da gastronomia cabo-verdiana, tendo escrito o primeiro livro sobre a cozinha de Cabo Verde, em 1979.
CM/ZS
Inforpress/Fim
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