Londres, 28 Jan (Inforpress) - O director do centro de estudos britânico Chatham House considerou hoje que apesar de África ser a segunda região do mundo com maior crescimento, o descontentamento social em vários países, como Moçambique, vai marcar o ano de 2025.
"África será a região com segundo maior crescimento regional a nível global, mas reduzir a pobreza e promover o crescimento económico gerador de empregos vai continuar a ser a principal prioridade porque cerca de 464 milhões de pessoas vivem em pobreza extrema", diz Alex Vines, na tradicional análise de início do ano.
"A pobreza persistente, as poucas oportunidades económicas, os efeitos das alterações climáticas e a fraca governação, exacerbadas pelo aumento do custo de vida, estão a fomentar o alargamento da frustração social" em vários países, entre os quais Moçambique.
No texto, disponível no site da Chatham House, Vines lembra que houve eleições pacíficas em vários países, mas salienta o caso do país lusófono para sustentar que 2025 será um ano difícil para os moçambicanos.
"As eleições de Outubro mergulharam o país num tumulto; a vitória da Frelimo e do seu candidato presidencial foi ferozmente desafiada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que afirma que uma fraude generalizada lhe roubou a vitória", escreve o analista que acompanha África, e em particular a África Austral, há décadas.
A disputa em Moçambique, continua, deixou pelo menos 315 mortos e causou "um prejuízo económico significativo", que deverá manter-se este ano, já que "é previsível que bolsas de descontentamento persistam durante este ano", por isso, conclui, "uma urgente reforma política será crítica para estabilizar o país".
Olhando para as previsões para o continente africano no seu todo, Alex Vines salienta também que "a crescente importância geoestratégica de África vai ser demonstrada por importantes cimeiras", entre as quais está a nona Conferência de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano, que decorre em agosto em Yokohama, e a cimeira empresarial entre os Estados Unidos e África, que vai ter lugar em Junho, em Angola.
A projeção de África na cena internacional nota-se também na presidência do G20, que é ocupada pela África do Sul, o primeiro país a liderar o G20 desde a adesão da União Africana, em 2023, devendo realizar a primeira cimeira do grupo em território africano.
Com mais incerteza sobre o envolvimento dos Estados Unidos em África no âmbito da presidência de Donald Trump, países como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos "deverão ser investidores significativos no sector mineiro africano", com a Rússia a poder explorar novas oportunidades de comércio e defesa no continente, nomeadamente no âmbito da cimeira África-Rússia.
"No âmbito da sua estratégia mais ampla de envolvimento no continente, a Rússia deverá realizar a sua cimeira em África no próximo ano, e a Guiné Equatorial já se ofereceu para acolher o evento", escreve ainda Vines.
Inforpress/Lusa
Fim
Partilhar