Cidade da Praia, 26 Jun (Inforpress) – A especialista em saúde Mara Fernandes destacou hoje o papel da música como ferramenta de apoio na recuperação de dependentes de drogas, mas alertou para o impacto negativo de letras/videoclipes na promoção do consumo dessa substância.
A Sociedade Cabo-verdiana de Música (SCM), em parceria com a Fundação Garah, o Centro de Apoio Psicossocial (CAP) e o psicólogo Jacob Vicente, realizou hoje, na cidade da Praia, uma jornada de reflexão sob o lema “O Poder da Música na Superação”, no âmbito do Dia Internacional de Combate ao Consumo de Drogas.
Durante o encontro, a docente universitária e farmacêutica Mara Fernandes explicou, com base científica, que o álcool, apesar de legal e socialmente aceite, tem um efeito tóxico no organismo e que a forma como é absorvida, metabolizada e eliminada, varia de pessoa para pessoa.
"Existe um factor genético que faz com que algumas pessoas tolerem menos o álcool. Isso precisa ser treinado em Cabo Verde, porque há jovens mais vulneráveis que acabam por consumir sem perceber os danos", afirmou.
Para Mara Fernandes, é necessário agir com firmeza na prevenção, começando pela educação nas escolas, mas também prestando atenção às mensagens transmitidas pela cultura popular.
"Há jovens artistas a promover o álcool nas letras e videoclipes. Eles precisam entender que têm uma responsabilidade social. O que dizem e mostram influência directamente nos comportamentos", sublinhou.
Por outro lado, o “rapper” Ga da Lomba foi mais além. Com um testemunho emotivo, contou que, em momentos difíceis, foram músicas que lhe deram força para continuar.
"Há músicas que me salvaram. Estava em tratamento e aquela letra que ouvi me fez levantar da cama", afirmou, destacando o impacto emocional que a música pode ter em quem luta contra vícios.
Para o artista, a música é uma “espada de dois gumes”, pois pode servir tanto para informar como para desinformar, construir ou destruir.
"Há artistas que escrevem letras com conteúdo, mas depois fazem videoclipes que incentivam o contrário. Os miúdos estão a seguir isso. Não se trata só de estilo, trata-se de consciência", alertou.
Durante a jornada, ficou clara a necessidade de unir a música à educação e à saúde mental. Mais do que entretenimento, os participantes defendem que a música deve ser usada como ferramenta de transformação social, especialmente junto aos jovens em situação de risco.
CG\SR/JMV
Inforpress Fim
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