Santa Maria, ilha do Sal, 26 Jun (Inforpress) - A cidade de Santa Maria acolheu hoje o arranque da sétima edição do Festival Literatura-Mundo do Sal (FLMSal), que este ano celebra as cinco décadas de independência de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
O evento, que acontece até o próximo domingo, dia 29, promete ser um marco cultural que promove o desenvolvimento literário e turístico da ilha.
As actividades do FLMSal estarão concentradas em Santa Maria, com a maior parte da programação no auditório do Hotel Belorizonte, sessões de leitura nas Salinas de Pedra de Lume e visitas a instituições de ensino.
Da Rosa de Porcelana Editora, organizadora do evento, o escritor cabo-verdiano Felinto Elísio destacou o carácter histórico desta edição que celebra o cinquentenário da independência de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
O festival fará um tributo a esses momentos através da literatura e celebra as gerações de escritores e poetas que, com a sua arte, contribuíram para a mobilização e a luta pela libertação.
“O nosso festival este ano quis fazer um tributo tanto a esses momentos, obviamente pelo viés da literatura e celebrando as gerações literárias de escritores e poetas que contribuíram com a sua arte para a mobilização, para a luta pela libertação e para o resultado que se deu e que hoje comemoramos”, sublinhou.
A temática central do cinquentenário e das gerações literárias será complementada por mesas que abordarão a "literatura-mundo" enquanto metodologia de análise.
Em reconhecimento à importância das independências, o festival homenageia quatro figuras literárias cruciais para a luta de libertação dos seus países, como Agostinho Neto (Angola), Alda Espírito Santo (São Tomé e Príncipe), Noémia de Sousa (Moçambique) e Onésimo Silveira (Cabo Verde).
Um dos grandes focos do FLMSal é a formação de um novo público leitor, por isso Felinto Elísio ressaltou a importância da participação das escolas, que se tornaram parceiras activas.
"Desde a primeira edição, quando olhamos para o Sal, vimos que o público a conquistar seria o público jovem, o público que está nas escolas", explicou.
Este esforço visa "alargar o público, plantar para o futuro um público leitor crítico e capaz de continuar a pegar neste jogo de estafetas, o testemunho da literatura cabo-verdiana".
Quanto ao “Prémio Lanna”, reconhecido como o maior prémio literário de Cabo Verde, apesar de mudanças estruturais, a organização garante que o galardão vai continuar.
O próximo edital será dedicado à poesia, seguindo a edição anterior que focou na prosa.
A longevidade do “Prémio Lanna” é uma prioridade, com a organização empenhada em "continuar a criar essa dinâmica" e garantir que ele não desapareça, como acontece com muitos prémios em Cabo Verde.
Por seu turno, o presidente da Câmara Municipal do Sal, Júlio Lopes, enfatizou o impacto multifacetado do festival.
"O Festival de Literatura Mundo da ilha do Sal já é um marco, já ganhou foros de cidadania", afirma, destacando a sétima edição com melhor qualidade e o crescente talento juvenil.
Júlio Lopes observou que a influência do FLMSal tem levado muitos jovens da ilha a escrever poesia e prosa, além de incentivar a leitura e a escrita.
O FLMSal, organizado pela Rosa de Porcelana Editora e com a curadoria científica da professora Inocência Mata, conta com a participação de 21 convidados, incluindo escritores, professores, investigadores, editores e tradutores, vindos da Alemanha, Angola, Brasil, Itália, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, promovendo um rico diálogo entre diversas culturas literárias.
A expectativa é que a sétima edição do Festival Literatura-Mundo do Sal seja um sucesso e que fortaleça os laços culturais entre os países de língua portuguesa e consolide a ilha do Sal como um centro de “excelência literária e turística”.
NA/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar