Cidade da Praia, 31 Ago (Inforpress) – A marca de acessórios tradicionais “Amarte-acessórios”, idealizada por Kátia Cabral, de 34 anos, nasceu da necessidade de expressão pessoal e de afirmação identitária, tendo como base a ancestralidade, o amor e a liberdade criativa.
Em entrevista à Inforpress, a artesã e empreendedora que nasceu em Cuba mas que reside em Cabo Verde desde pequena, afirmou que a arte sempre esteve presente na sua vida, tendo constituído uma forma de “escape” e de força interior nos momentos mais difíceis.
“Eu sempre vi a arte como um aliado. Já trabalhei em turismo, cabeleireiro e restaurantes, mas o que eu nunca deixei de fazer é a arte”, declarou, explicando que a marca surgiu quando decidiu viver daquilo que sabe fazer melhor.
Para Kátia Cabral, Amarte não é apenas uma marca comercial, mas sim uma manifestação espiritual e política, onde o amor, o mar e a arte se encontram, fundindo assim o nome “Amarte”.
“Considero Deus o próprio amor. E Amarte é essa manifestação o quanto eu me amo e consigo amar os outros da mesma forma. Tudo começou do amor, e do mar, onde a minha inspiração veio”, frisou.
A criadora disse ainda que sua produção está fortemente ligada à ancestralidade africana e à energia espiritual do momento criativo, realçando que cada peça conta uma história, dependendo do “estado de espírito”.
“Às vezes é raiva, tristeza, alegria. Cada uma carrega uma energia própria”, completou, salientando que as peças são feitas com materiais diversos e muitas vezes reutilizados.
Kátia Cabral trabalha com conchas, aço inoxidável, alumínio, madeira, casca de coco, cristais, cerâmica e contas, dando vida nova a materiais que seriam descartados.
“Compro materiais em lojas onde as pessoas dizem que já não servem. Chamam lixos. Eu reutilizo, reaproveito e transformo. A arte está em tudo aquilo que tocamos quando estamos abertos à criação”, explicou.
A marca produz acessórios para o corpo inteiro: brincos, muitos dos quais não exigem orelhas furadas, colares, pulseiras, peças para cabeça, ombros, barriga e pés.
“Faço para o corpo inteiro, se for necessário. Se é assim a inspiração comanda, eu só sigo”, enfatizou, avançando que trabalha com encomendas e com peças únicas para exposição.
“Prefiro não seguir um padrão. Há peças que eu passo às vezes, eu levo três dias num colar, e há colares que eu posso passar ali uma hora”, explicou, destacando que as pessoas que conhecem e seguem a Amarte sabem que a imaginação é infinita e que vai haver sempre novidades.
Até o momento, a microempreendedora trabalha sozinha em casa, com o apoio pontual dos seus filhos, de 14 e nove anos, quando reúne uma quantidade significativa de peças para exposições ou organização de eventos próprios.
A marca estreou-se publicamente na ilha do Sal, no evento “Expressa bomê”, e desde então já participou em várias mostras, a maioria dos clientes são estrangeiros, com destaque para visitantes da Holanda, Alemanha e Inglaterra.
Entre os nomes que já usaram acessórios da marca, destacam-se artistas internacionais como Chico César do Brasil, Mano Gallo, e os cabo-verdianos Mayra Andrade, Fattu Djakité e Dieg.
Para Kátia, a Amarte é também uma ferramenta de representação e empoderamento feminino.
“Amarte representa mães, filhas, meninas, mulheres empreendedoras, mulheres com depressão, mulheres que venceram a autocura. Amarte é sobre influência, sempre de acordo com o propósito, o meu propósito é despertar, fazer aceitar, que tem uma coisa a ser feita”, concluiu.
A marca continua em desenvolvimento e, segundo a criadora, novas colecções e projectos estão a ser preparados, sempre com o conceito de criar com alma, com liberdade transformar materiais em peças nunca antes vistas.
LT/ZS
Inforpress/Fim
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