Cidade da Praia, 12 Nov (Inforpress) – A União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde – Central Sindical (UNTC-CS) manifestou-se hoje “indignada” com a visita inspectiva concretizada pela Inspecção-geral do Trabalho (IGT), que acusou de “incompetente e inactiva”, na empresa Águas e Energias do Maio.
Em conferência de imprensa na manhã de hoje, na cidade da Praia, Joaquina Almeida avançou que a visita vem na sequência da denúncia de assédio moral e irregularidades cometidas pela empresa Águas e Energias do Maio e perpetradas pela presidente do conselho de administração e pelo director administrativo e financeiro enviada à IGT em Maio deste ano.
Segundo disse, passados cinco meses, a central sindical teve conhecimento da visita que a IGT efectuou à empresa acompanhada do presidente do conselho de administração, Vital Tavares, situação que, no seu entender, é “inadmissível” uma vez que pode limitar a acção dos inspectores e dos trabalhadores.
Explicou que uma “verdadeira visita inspectiva” deve ser feita de forma imparcial, sem anunciar nem avisar e muito menos acompanhado do presidente do conselho de administração da própria empresa.
Perante essa atitude, os trabalhadores “manifestaram-se revoltados” com a actuação dos inspectores e solicitaram a intervenção da UNTC-CS e do presidente do sindicato do Maio, via telefone, que prontamente pediu aos inspectores que ouvissem os trabalhadores.
Joaquina Almeida denunciou ainda que os inspectores não auscultaram os trabalhadores vítimas de assédio moral, alegando que não foram para a ilha de Maio para ouvi-los.
“A UNTC-CS acredita que esta visita não foi inspetiva, mas sim uma visita de cortesia e que foi previamente concertada entre a IGT e o presidente do conselho de administração da empresa Águas e Energia do Maio, porque os inspectores visitaram as zonas de produção da empresa acompanhado do responsável máximo da empresa”, disse.
Trata-se, segundo a mesma fonte, de uma estratégia de ambas as partes para “silenciar e amedrontar” os trabalhadores que não puderam expor os seus problemas, com “medo de represálias e quiçá despedimentos”.
Para a secretária-geral da UNTC-CS, essa actuação é mais uma "manobra da incompetente e inactiva” da IGT que deveria trabalhar de forma “justa e imparcial”, em vez de “proteger os comissários político do partido”.
Joaquina Almeida assegurou ainda que a central sindical tem vindo a receber muitas denúncias de casos de assédio moral no trabalho, e que a situação é “preocupante e grave”, e que tem vindo a aumentar.
"É urgente e importante que Cabo Verde rectifique a Convenção 190 sobre violência e assédio no local de trabalho sendo que é uma ferramenta jurídica que ajuda e muito o mundo laboral ", apontou.
Na ocasião a secretária-geral da UNTC-CS acusou ainda o inspector-geral de trabalho de ser comissário político e que desde 2016 a actuação da IGT “tem sido nula”.
AV/AA
Inforpress/Fim
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