Mindelo, 27 Mar (Inforpress) – A terceira fase do projecto “Luz para as Meninas”, promovido pela Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) e parceiros, no Mindelo, vai beneficiar também rapazes com kits de painéis solares instalados em casas de lata.
A informação foi avançada hoje pela delegada da OMCV em São Vicente, Fátima Balbina, durante o acto de apresentação dos resultados da segunda fase e de lançamento oficial da próxima fase, que deverá contemplar, segundo a mesma fonte, 170 famílias.
Deste total, ajuntou, 70 por cento (%) serão meninas e 30% rapazes, residentes em zonas como Ribeirinha, Ribeira de Julião, Pedra Rolada, Ribeira de Craquinha, Chã de Alecrim, Espia e outras.
O projecto, que consiste na instalação de kits de painéis solares em casas de lata, deverá, conforme a mesma fonte, contemplar crianças do zero ano a jovens de 24 anos, num montante financiado pelo Programa das Pequenas Subvenções, num total de 3 milhões e 400 mil escudos e com a comparticipação da OMCV em cerca de 1 milhão de escudos cabo-verdianos.
Questionada pela imprensa sobre o porquê de incluir rapazes quando o projecto inicial era direccionado a meninas, Fátima Balbina justificou ser preciso quando se fala tanto em igualdade e equidade do género.
"Se continuarmos a trabalhar só com meninas, estamos só no discurso”, sublinhou, adiantando ter sido “difícil” convencer os parceiros, mas, foi possível a efectivação.
O projecto “Luz para as Meninas” arrancou em 2020, durante a pandemia da covid-19, resultante de uma parceria com a Igreja de Jesus Cristo do Santos dos Últimos, que financiou 50 kits. O primeiro dos parceiros que agora deverá voltar a financiar uma quarta fase futuramente, que, informou a delegada da OMCV, vai beneficiar 200 famílias, incluindo as com rapazes e meninas e até casais sem filhos.
O programa já passou por uma segunda fase, na qual se contemplou 150 famílias com o financiamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Este parceiro, que, conforme o representante residente em Cabo Verde, David Matern, decidiu aliar-se devido ao “forte impacto” do projecto na vida de dezenas de mulheres e meninas.
Para este responsável, a iniciativa representa uma “colaboração exemplar” entre as duas organizações e um "marco significativo” nos esforços conjuntos para enfrentar os desafios de famílias de poucos recursos, especialmente lideradas por mulheres.
“Trata-se de um projecto que acarreta uma transformação social e organizacional de elevado valor, pois irá permitir que meninas sem acesso à electricidade e às tecnologias de informação possam ter melhores oportunidades de aprendizagem e, consequentemente, um futuro próspero, que só a educação e formação proporcionam”, considerou.
Por outro lado, asseverou, a falta de electricidade “não é só uma questão de conforto, mas uma luta contra a pobreza e à uma barreira significativa ao desenvolvimento sócio-económico e à igualdade de género”.
O acto contou ainda com o vereador Rodrigo Martins, em representação da Câmara Municipal de São Vicente, que, vê o projecto como de “suma importância”, uma vez que, “todos são poucos para o desafio enorme que é o desenvolvimento e o melhoramento da qualidade de vida das pessoas”.
Em representação das beneficiárias, Antónia Lima, de 35 anos, mostrou-se “muito agradecida” por poder, através da iniciativa, ter electricidade em casa e permitir que os seus quatro filhos consigam estudar, entre estes a filha de 13 anos, que quer ser promotora de justiça.
LN/CP
Inforpress/Fim
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